O embargo à carne suína se prolifera, mesmo com as garantias da OMS, FAO e de produtores de que o consumo não aumenta o risco de pandemia de gripe suína. A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) disse que o nome da doença está incorreto e deveria chamar-se “gripe americana”. O Brasil iniciou uma ofensiva diplomática para que entidades internacionais esclareçam que o consumo de carne não é uma ameaça.
China, Rússia, Coreia do Sul, Indonésia e Tailândia anunciaram que estão impedindo a entrada de carnes dos Estados Unidos e México. Em teoria, o embargo poderia favorecer as exportações brasileiras, que não foram atingidas pela restrição. Mas os produtores e o governo estão cautelosos e preferem garantir que não haja fechamento dos mercados.
“Não queremos que esse problema se chame gripe suína. Ela é uma gripe mexicana”, disse Pedro Camargo, presidente da Associação dos Produtores de Carne Suína no Brasil. “O problema é de saúde humana, não animal”, disse, temendo que um caso no Brasil acabe colocando o País na lista dos exportadores que sofrem embargos.
O Ministério da Agricultura entrou em contato ontem com a alta cúpula da OIE e conseguiu um compromisso da entidade de que um comunicado seria publicado, alertando que não existe um problema de saúde animal e o consumo de carne não precisa ser suspenso. Ontem, circularam rumores de que a Ucrânia iria barrar toda a carne suína das Américas, inclusive do Brasil.
Segundo a OIE, não há nenhum porco afetado. Por isso, o nome mais adequado deveria ser influenza americana, assim como foi denominada a gripe que atingiu o mundo em 1918 e 1919 e matou 50 milhões de pessoas. “Não há justificativa para chamar a doença de gripe suína”, disse a OIE. A UE também alertou que o consumo da carne é seguro e não prevê nenhuma medida.
Por enquanto, o país mais afetado são os Estados Unidos – 25% da produção de carne suína americana é exportada. Segundo a Federação de Exportadores de Carne dos Estados Unidos, o setor vendeu US$ 4,9 bilhões ao exterior em 2008.
A FAO alertou que o vírus H1N1 pode ser contraído pelo contato direto com porcos, mas carnes cozidas não são ameaça. Mesmo assim, a Rússia anunciou o embargo à carne suína do México e do sul dos EUA. A China também anunciou ontem o embargo e vai devolver ou destruir os embarques de carne do México e dos EUA. Chineses são os maiores produtores e consumidores de carne suína – 60% do consumo de carnes no país.
Em resposta ao Estado, a OMS afirmou que não há problema com o consumo de carne suína cozida. “Não há nada que indique isso”, disse Keiji Fukuda, vice-diretor da OMS. No Japão, o governo foi à TV acalmar os consumidores e dizer que comer carne suína ainda é seguro. As ações de empresas ligadas ao setor desabaram. O valor no mercado da Nippon Meat Packers do Japão, por exemplo, recuou 4%. Quem ganhou foram as empresas de frango e pescados, com alta de mais de 11%.