O ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Mangabeira Unger, afirmou que é necessário criar uma “classe média” rural em todo o Brasil, não apenas no Sul do País. E, para isso, disse que é necessário acabar com as distinções entre “agricultura empresarial” e “agricultura familiar”. Lembrou que o Brasil mantém, anacronicamente, dois ministérios, um para cada público. Para Mangabeira Unger, todos os produtores rurais querem ser tratados como empreendedores rurais, sejam pequenos, médios ou grandes, mas empreendedores. Segundo o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), essa separação de duas agriculturas carrega consigo definições ideológicas que não valem mais no cenário atual. “No mundo inteiro há uma só agricultura”, disse Mangabeira Unger. Ele defendeu o associativismo como instrumento de união e progresso para esse novo grupo de produtores rurais.
Perguntado se a união do tema “agricultura” sob uma só diretriz poderia ser implantado com rapidez, Unger disse que o avanço deve ser conquistado gradualmente, com vários aperfeiçoamentos. Mas ressalvou que discussões mais fortes sobre mudanças institucionais devem ficar em segundo plano no ano que vem, devido ao período eleitora. Apesar de defender uma agricultura só, Unger fez algumas ressalvas, como na aplicação de regras relativas à reserva legal. “A mesma regra aplicada aos pequenos vai criar um mini-tabuleiro operacional, com áreas pequenas demais para produção ou para preservação”, disse. Defendeu, ainda, que mecanismos financeiros de proteção à produção agrícola (seguro de preços e climático) sejam redesenhados para atendera todos os produtores. “O Estado teria de reempacotar esses produtos para serem acessíveis também aos pequenos e médios”, disse.