Há uma variação considerável sobre a resistência dos ionóforos sobre as espécies de Eimeria (Augustine et al., 1987), portanto, uma mesma espécie de Eimeria pode apresentar diferentes graus de resistência para um anticoccidiano, podendo a expressão de proteínas ser responsável pela aquisição ou não de resistência da monensina, por exemplo (Zhu et al., 1994). A resistência pode ser expressa antes da penetração nas células (Itagaki et al, 1974; Smith e Strout, 1979). Diferenças na composição bioquímica da membrana do parasita, também podem estar envolvidas no desenvolvimento de resistência a ionóforos em Eimeria. É evidente que o desenvolvimento de resistência a ionóforos em estirpes de Eimeria pode ser devido à alteração na permeabilidade da membrana celular do parasita.
Fatores envolvidos no desenvolvimento de resistência
Fatores genéticos e operacionais contribuem com o surgimento de resistência (Georghiou e Taylor, 1977). Dente os fatores genéticos pode-se elencar dominância genética dos alelos de resistência, diversidade genética da população e mutação na recombinação genética (Chapman, 1997). Os graus de dominância de genes resistentes estão ausentes na Eimeria, pois durante o ciclo de vida da Eimeria as fases assexuadas são haploides, portanto, os genes mutantes resistentes são imediatamente selecionados.
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O surgimento e a propagação da resistência em espécies de Eimeria pode rapidamente tornar-se o fenótipo dominante e se espalhar por toda a população de parasitas (Chapman, 1997). A alta concentração e o potencial reprodutivo dos coccídeos nas instalações avícolas favorece o aumento da variabilidade genética. O ciclo de vida da Eimeria é complexo e envolve período de estágios assexuados e sexuados. Durante a fase assexuada os núcleos possuem cromossomos haploides, sendo a maioria das drogas ineficazes. Isto resulta na remoção dos coccídeos mais sensíveis, permitindo a reprodução dos resistentes e a dominância deste fenótipo na população de parasitas. (Jeffers, 1989; Chapman, 1997; Jeurissen e Veldman, 2002).
Dentre os aspectos operacionais de grande importância está a qualidade de mistura da dieta, que por sua vez pode acarretar no fornecimento de subdosagem do medicamento, o que o torna ineficaz no controle de coccídeos e permitirá a seleção de mutantes resistentes a baixos níveis da droga (Chapman, 1982). Para os ionóforos é possível ocorrer a seleção para resistência, mesmo que seja fornecida a concentração recomendada da droga. Isso ocorre porque os ionóforos não suprimem completamente a produção de oocistos (Chapman, 1984).
O uso frequente do mesmo anticoccidiano por um longo período de tempo é considerado como o fator operacional mais importante para o desenvolvimento de resistência, portanto, a escolha do programa é de extrema importância. Geralmente há algum grau de resistência cruzada a anticoccidianos dentro da mesma classe. No entanto, este problema de resistência cruzada pode ser tratado usando a combinação de anticoccidianos com diferentes modos de atuação (Abbas et al., 2008a). Caso ocorra o desenvolvimento de resistência à droga utilizada, esta não deve ser usada por um tempo ou deve-se fazer a combinação de seu uso com outra droga que seja eficaz (Chapman, 1997).
Geralmente, a resistência a medicamentos ocorre para os que possuem maior facilidade de obtenção e maior eficácia. Portanto, o aumento do uso de medicamentos anticoccidianos eficazes é um fator de risco para o surgimento de resistência aos medicamentos. Embora não seja verdade, têm-se disseminado que um melhor controle da coccidiose pode favorecer o desenvolvimento de resistência (Sangster, 2001), quando o fato que ocorre é ao contrário, pois com a correta aplicação do anticoccidiano a probabilidade do desenvolvimento de resistência é baixa.
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