O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, informou ontem que defenderá, durante a reunião do G-20 Agrícola, em Paris, um “foco maior” sobre instrumentos financeiros, como contratos a termo, e as operações de “hedge funds” em bolsas de commodities. “É preciso um certo nível de regulação para essa financeirização. Se deixar isso solto, qualquer um que compra produto em papel, aposta na alta de preços”, afirmou.
A meta, segundo ele, é reduzir a “volatilidade” dos preços dos alimentos. “Isso pode conturbar porque tem efeito especulativo. É preciso agir no mercado para que isso não seja um fator de alta”, disse.
A defesa feita pelo ministro é uma resposta específica aos apelos da França pela imposição de um controle de preços das commodities agrícolas. “Por 30 anos, os preços eram baixos e ninguém veio fazer reunião sobre isso. Não é justo, agora que os produtores brasileiros são favorecidos, discutir controle de preços”, afirmou Rossi.
Como alternativa a qualquer intervenção artificial nos preços, o ministro defendeu o aumento da oferta de alimentos. “Para conter a volatilidade, que não é boa, só com mais oferta”, disse. Em sua cruzada contra controle de preços, o ministro disse que o Brasil pode elevar em “duas vezes e meia” a produção interna “sem derrubar uma árvore”, combinando a produção de alimentos e a recuperação ambiental de 120 milhões de hectares em áreas degradadas.
Rossi também defendeu as propostas de abrir as informações sobre a produção em todos os países agrícolas, criar estoques mínimos de emergência para atender crises alimentares e fixar um “alerta” contra situações de insegurança alimentar nos países do Terceiro Mundo. “Isso é solidário e temos muito interesse”, afirmou.
Em um claro recado à insistência da França no tema, o ministro apontou que a União Europeia, que gasta mais de metade do seu orçamento com a Política Agrícola Comum, rejeita discutir subsídios aos seus produtores rurais. E comparou: “Subsídio na Europa é como o homem invisível: ninguém vê, ninguém discute”. Rossi disse que não tratará de subsídios na reunião parisiense porque “não vou na casa de ninguém para ofender”.
E emendou: “Não queremos mudar a política deles, mas queremos mais competição, aberta e livre, nas importações deles. Subsídio para ineficientes evita a competição em condições de igualdade”, disse. O ministro arrematou o tema ao afirmar que o Brasil quer abastecer o mercado de importações da UE, e “não disputar nada com produtores europeus”. E afirmou que quanto mais competição houver, melhor será para o Brasil. Rossi lembrou que o Brasil é fornecedor de 180 países e 215 destinos no mundo.