As exportações brasileiras para a China desaceleraram nos três primeiros meses do ano. Depois de crescerem 32% e 45% no início de 2010 e 2011, o aumento foi de 10,5% neste ano, quando atingiram US$ 7,9 bilhões. O crescimento foi garantido pela maciça antecipação das compras chinesas de soja, que aumentaram 127% em valores. Sem a soja, as vendas do Brasil para a China recuariam 6%.
As exportações brasileiras são basicamente concentradas na tríade soja, minério de ferro e petróleo. Em 2011, somaram 80% de tudo o que foi vendido para a China. Agora, no primeiro trimestre, a queda foi puxada por minério de ferro e petróleo, que compunham metade das vendas ao país asiático no ano passado.
O relacionamento comercial entre os dois países no primeiro trimestre foi marcado pelo ritmo da gradual desaceleração da China, a segunda maior economia do mundo, maior parceira comercial do Brasil e principal destino de suas exportações. O crescimento da corrente de comércio no primeiro trimestre foi de apenas 12%, o menor dos últimos cinco anos, quando a evolução média foi de 35%.
Produto mais procurado pelos chineses, as vendas de minério de ferro cresceram 5% em volume, mas a queda do preço fez o valor recuar 12% de janeiro a março em relação a igual período de 2011. No petróleo, o preço ficou estável, mas o volume embarcado recuou 32%.
As importações brasileiras também foram mais modestas e cresceram 13,8%, influenciadas pela queda em automóveis, cujo valor importado foi de apenas US$ 3,3 milhões – recuo de 92% em relação ao mesmo período do ano passado e também muito abaixo dos US$ 200 milhões do último trimestre de 2011.
O resultado do trimestre reafirma as previsões de um saldo comercial bem inferior aos US$ 29,8 bilhões do ano passado. Na média dos economistas consultados pelo Banco Central no Boletim Focus, a estimativa é de um superávit de US$ 19 bilhões neste ano.
Além da China, a diferença de comportamento entre preços de exportação e importação deve afetar o saldo brasileiro. De janeiro a março, os termos de troca recuaram 4,1% em relação ao mesmo período de 2011, refletindo o desempenho mais fraco dos preços de exportação no trimestre, especialmente dos produtos básicos. Enquanto os preços de exportação subiram 1,9%, os de importação aumentaram 6,3%.