Redação SI 12/11/2004 – Os exportadores de carne suína foram os que mais sentiram os efeitos do embargo russo às carnes brasileiras até agora. Em outubro, o Brasil exportou para a Rússia, principal mercado para a carne suína nacional, um volume de 20.759 toneladas, segundo a Abipecs (reúne os exportadores do produto). O número é quase 43% inferior ao de outubro de 2003, quando as vendas à Rússia alcançaram 36.217 mil toneladas. Na comparação com setembro deste ano – quando foram embarcadas 27.472 toneladas ao país – também há um recuo expressivo.
O presidente da Abipecs, Pedro de Camargo Neto, avalia, porém, que o país exportou “bastante” em outubro pois conseguiu desviar carne suína para outros mercados. No total do mês, as vendas externas brasileiras de carne suína alcançaram 44.491 toneladas, queda de 10,5% sobre outubro de 2003. A receita com as vendas somou US$ 77,33 milhões, alta de 19,2% ante igual período de 2003.
Entre janeiro e outubro, os volumes totalizaram 417,6 mil toneladas, redução de 0,2% sobre igual intervalo de 2003. A receita, porém, segue em alta, alcançando US$ 611,8 milhões no acumulado até outubro, um incremento de 35,5%. “Houve alta de preços no mercado internacional e o Brasil está exportando mais cortes, que têm maior valor”, observou Camargo Neto. A alta de preços no mercado internacional foi provocada, em parte, pela própria Rússia, dizem analistas, ao impor um sistema de cotas que reduziu as ofertas ao país. Segundo a Abipecs, em outubro, o preço médio da carne suína na exportação ficou em US$ 1.738 por tonelada, 33% mais que em igual mês de 2003.
Apesar da dependência da Rússia, o Brasil vendeu mais para Cingapura e África do Sul até outubro. Foram, respectivamente, 13.186 toneladas (alta de 10%) e 10.344 toneladas (alta de 92%).
O presidente da Abipecs, Pedro de Camargo Neto, espera que o embargo seja levantado logo. Ele afirma que a visita do presidente Vladimir Putin ao Brasil servirá para discutir a acessão do país na Organização Mundial do Comércio. “Isso pressupõe aceitar as regras internacionais, como as da OIE [Organização Internacional de Epizootias], que define as regras sanitárias”, comentou.
Os preços do suíno não estão sendo afetados pelo embargo. A oferta ajustada e a proximidade das festas de fim de ano sustentam os preços, diz Jurandi Machado, do Icepa. Na quinta-feira, a cotação do suíno vivo subiu R$ 0,05, para R$ 2,25 o quilo em Santa Catarina, segundo o Icepa.