Os preços de todas as commodities agrícolas seguirão em alta nos próximos dez anos, com destaque para carnes e oleaginosas, como reflexo da enorme demanda pelas economias emergentes. A conclusão faz parte do relatório “Perspectivas Agrícolas 2012-2021”, publicado ontem pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela Agência da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO), que aponta um cenário favorável para os produtores brasileiros.
O aumento da renda nos países em desenvolvimento vai ampliar a demanda por alimentos e combustíveis. Já a produção agrícola e os estoques crescerão em ritmo menor do que no passado. O resultado será uma persistente volatilidade de preços. O maior custo de agroquímicos (fertilizantes e defensivos), causado pela alta de preço do petróleo, tenderá a diminuir o crescimento do rendimento e da produtividade na agricultura. Somadas às pressões envolvendo disponibilidade de água e de terra para a expansão agrícola, o ritmo de crescimento da produção deverá cair para 1,7% ao ano, comparado aos mais de 2% na década anterior.
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O comércio internacional de carne bovina continuará liderado por Brasil e EUA, e poderá aumentar 18% no intervalo entre 2012 a 2021. A demanda crescerá na Ásia, Oriente Médio e América Latina. A produção de carne de frango vai ter expansão destacada, como produto mais barato e mais acessível fonte de proteína, superando a carne suína. Dessa forma, o preço das carnes, mesmo se ocorrer ligeira moderação, poderá subir 11% para a bovina, 17% para a suína e 4% para a de ovinos. O preço real para carne de frango deverá ficar próximo do patamar atual.
Para as oleaginosas, a projeção aponta alta de 9% no preço nominal no período, bem mais do que a alta antecipada para os grãos, forçando uma competição por terras aráveis. Brasil e Argentina serão responsáveis por 30% da produção de soja em 2021. Para o trigo, o preço deve ficar no mesmo nível da última década. A expectativa, porém, é de redução no diferencial de preço entre o cereal e o milho, que tem maior demanda para a produção de biocombustíveis.
A demanda por açúcar para alimentação e a produção de etanol garantirão preço maior para o primeiro no médio prazo. Nesse mercado amplamente dominado pelo Brasil, o preço do produto bruto é estimado em US$ 483 por tonelada em 2021. Para o açúcar branco, a tonelada é estimada em US$ 566. O país continuará a ser o segundo grande produtor de etanol, depois dos EUA. Não se espera que o preço do produto aumente como o barril de petróleo.
O forte consumo continuará crescendo impulsionado por aumentos da renda, da população (com ascensão da classe média nos países emergentes) e da contínua urbanização. Entre 2012 e 2021, os produtos cotados como os de maior consumo são carne de frango (37,2%), óleos vegetais (32,1%), alguns produtos lácteos à base de manteiga (33,4%), queijos (27,8%) e leite em pó (40,6%). Em contrapartida, é esperado um menor consumo de carne vermelha, em favor de frango, pescado e queijos.
De acordo com o relatório, o comércio internacional agrícola vai crescer. Produtores tradicionais como Austrália, Argentina, Canadá, Nova Zelândia e EUA, continuarão sendo importantes na próxima década. Mas países que têm feito investimentos firmes, como Brasil, Rússia, Ucrânia e China, deverão aumentar ainda mais sua presença nos mercados internacionais. Ao mesmo tempo, a China se tornará o maior produtor mundial de açúcar e responderá, também, por 52% das importações mundiais de oleaginosas.