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Commodities seguirão em patamares elevados

Preços das commodities agrícolas deverão seguir em alta na próxima década, aponta estudo de OCDE e FAO.

Commodities seguirão em patamares elevados

Os preços de todas as commodities agrícolas seguirão em alta nos próximos dez anos, com destaque para carnes e oleaginosas, como reflexo da enorme demanda pelas economias emergentes. A conclusão faz parte do relatório “Perspectivas Agrícolas 2012-2021”, publicado ontem pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela Agência da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO), que aponta um cenário favorável para os produtores brasileiros.

O aumento da renda nos países em desenvolvimento vai ampliar a demanda por alimentos e combustíveis. Já a produção agrícola e os estoques crescerão em ritmo menor do que no passado. O resultado será uma persistente volatilidade de preços. O maior custo de agroquímicos (fertilizantes e defensivos), causado pela alta de preço do petróleo, tenderá a diminuir o crescimento do rendimento e da produtividade na agricultura. Somadas às pressões envolvendo disponibilidade de água e de terra para a expansão agrícola, o ritmo de crescimento da produção deverá cair para 1,7% ao ano, comparado aos mais de 2% na década anterior.

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Por essa razão, os preços mundiais para várias commodities em termos nominais deverão se manter em alta. Em termos reais (ajustados pela inflação), os valores continuarão estáveis ou poderão até declinar dos atuais níveis. Mas ainda assim ficarão de 10% a 30% acima da média da última década, segundo o estudo. Em termos reais, todos os preços de commodities agrícolas subirão mais que na média do período 2002-2011 (exceto trigo e arroz) e encorajar os produtores a investir mais em busca de aumento da produtividade.

O comércio internacional de carne bovina continuará liderado por Brasil e EUA, e poderá aumentar 18% no intervalo entre 2012 a 2021. A demanda crescerá na Ásia, Oriente Médio e América Latina. A produção de carne de frango vai ter expansão destacada, como produto mais barato e mais acessível fonte de proteína, superando a carne suína. Dessa forma, o preço das carnes, mesmo se ocorrer ligeira moderação, poderá subir 11% para a bovina, 17% para a suína e 4% para a de ovinos. O preço real para carne de frango deverá ficar próximo do patamar atual.

Para as oleaginosas, a projeção aponta alta de 9% no preço nominal no período, bem mais do que a alta antecipada para os grãos, forçando uma competição por terras aráveis. Brasil e Argentina serão responsáveis por 30% da produção de soja em 2021. Para o trigo, o preço deve ficar no mesmo nível da última década. A expectativa, porém, é de redução no diferencial de preço entre o cereal e o milho, que tem maior demanda para a produção de biocombustíveis.

A demanda por açúcar para alimentação e a produção de etanol garantirão preço maior para o primeiro no médio prazo. Nesse mercado amplamente dominado pelo Brasil, o preço do produto bruto é estimado em US$ 483 por tonelada em 2021. Para o açúcar branco, a tonelada é estimada em US$ 566. O país continuará a ser o segundo grande produtor de etanol, depois dos EUA. Não se espera que o preço do produto aumente como o barril de petróleo.

O forte consumo continuará crescendo impulsionado por aumentos da renda, da população (com ascensão da classe média nos países emergentes) e da contínua urbanização. Entre 2012 e 2021, os produtos cotados como os de maior consumo são carne de frango (37,2%), óleos vegetais (32,1%), alguns produtos lácteos à base de manteiga (33,4%), queijos (27,8%) e leite em pó (40,6%). Em contrapartida, é esperado um menor consumo de carne vermelha, em favor de frango, pescado e queijos.

De acordo com o relatório, o comércio internacional agrícola vai crescer. Produtores tradicionais como Austrália, Argentina, Canadá, Nova Zelândia e EUA, continuarão sendo importantes na próxima década. Mas países que têm feito investimentos firmes, como Brasil, Rússia, Ucrânia e China, deverão aumentar ainda mais sua presença nos mercados internacionais. Ao mesmo tempo, a China se tornará o maior produtor mundial de açúcar e responderá, também, por 52% das importações mundiais de oleaginosas.