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Como anda a situação dos frigoríficos?

O fato de se trabalhar com ociosidade elevada, o que prejudica a geração de receita e a otimização de custos fixos, segundo consultoria.

Redação (04/03/2009) –  Mediante a retração das cotações de animais terminados e dos preços estáveis da carne bovina no atacado nos últimos dias, a defasagem do equivalente físico (carcaça com osso) em relação à arroba do boi gordo recuou para 6,2% (R$75,08/@ x R$80,00/@), de acordo com levantamento da Scot Consultoria.

Vale destacar que a defasagem média, dos últimos anos, tem girado em torno de 12%. Portanto, a situação atual, analisando somente os preços de compra e de venda, não pode ser considerada desfavorável às indústrias.

Mas é preciso aprofundar essa análise. A Scot Consultoria calcula também o Equivalente Scot Carcaça e o Equivalente Scot Desossa. Esses equivalentes consideram todos os derivados bovinos: carne, couro, sebo, miúdos e farinhas, sendo disponibilizados diariamente no informativo Tem Boi na Linha. A diferença é que o primeiro se baseia na carne com osso. O segundo, na carne desossada.

O ágio do Equivalente Scot Carcaça, em relação à arroba do boi gordo, está em pouco mais de 11%. A média dos últimos anos tem girado em torno de 10% a 11%, ou seja, está na “risca”. Porém, o ágio do Equivalente Scot Desossa em relação à arroba do boi gordo está praticamente no mesmo patamar, perto de 12%.

Com diferenças tão próximas entre os ágios obtidos com esses dois equivalentes, fica claro que a desossa, hoje, não é viável. Afinal, ela tem custos adicionais que geram a necessidade de maior agregação de valor.

Esse fato afeta, principalmente, os grandes frigoríficos. Aliás, a questão da alavancagem (dívidas) e da forte retração dos preços internacionais (acima daquela registrada no mercado doméstico) também atinge, notadamente, as grandes indústrias. Sem contar os calotes praticados por importadores.

O fato de se trabalhar com ociosidade elevada, o que prejudica a geração de receita e a otimização de custos fixos, serve para complicar ainda mais a saúde financeira dos frigoríficos.

Em síntese, não é a situação dos preços (boi x derivados bovinos) a principal causa das dificuldades financeiras enfrentadas pelas indústrias do setor, principalmente quando avaliamos o mercado doméstico.

Não que o mercado esteja favorável, mas os ágios e deságios dos derivados em relação ao boi gordo estão rondando as médias históricas. O problema vem do encontro da crise econômica (especialmente da questão do crédito) com os efeitos do ciclo pecuário sobre a oferta de matéria-prima.

Nesse sentido, as perspectivas de curto e médio prazo são pouco animadoras.