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Exportação

Companhias dos EUA fecham compras de 750 mil toneladas de milho do Brasil

Milho importado está previsto para chegar em 15 cargas de aproximadamente 50 mil toneladas cada nos próximos seis meses.

Companhias dos EUA fecham compras de 750 mil toneladas de milho do Brasil

A produtora de suínos Prestage Farms e outras duas companhias criadoras de animais na Carolina do Norte fecharam acordos para importar 750 mil toneladas de milho do Brasil, disse o vice-presidente de uma das empresas norte-americanas envolvidas no negócio, John Prestage.

As importações realizadas por meio de companhias multinacionais do agronegócio, como a Bunge e a Archer Daniels Midland, são as maiores já registradas e ocorrem após a pior seca nos EUA em mais de meio século, que afetou as lavouras norte-americanas de grãos.

“Com a secura aumentando, nós começamos a pensar ‘É melhor nós começarmos a buscarmos alternativas ao nosso redor’. Então, nós realmente começamos a entrar em contato com nossos contatos na América do Sul”, disse Prestage em entrevista à Reuters.

A empresa de Prestage é familiar e está entre as cinco maiores do segmento de suínos.

Essa foi a primeira confirmação oficial de rumores de que empresas dos EUA iriam importar até 1 milhão de toneladas de milho do Brasil.

O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) projeta que as importações norte-americanas de milho atinjam um recorde de 1,9 milhões de toneladas no ano comercial a terminar em 31 de agosto de 2013.

Produtores do sudoeste dos EUA, anos atrás, importaram grãos da Grã-Bretanha. Mais recentemente, indústrias de ração para gado do Texas importaram trigo do Canadá em agosto.

Os Estados Unidos são os maiores exportadores de milho, soja e trigo do mundo, mas a seca reduziu a produção deste ano de milho para seu menor volume em seis anos.

À medida que o clima ficou quente e seco, Prestage disse que ele e sua família mudaram a alimentação de seus animais para o trigo, principalmente trazido do Canadá.

Mas em junho eles e outros produtores de gado da região perceberam que as previsões do governo norte-americano, de uma abundante colheita de milho no país, não seriam realizadas, e iniciaram os preparativos para importar milho da América do Sul.

O milho importado está previsto para chegar em 15 cargas de aproximadamente 50 mil toneladas cada nos próximos seis meses, com a primeira programada para chegar no porto de Wilmington, na Carolina do Norte, na próxima semana.

Mais importações possíveis – Segundo Prestage, as compras foram feitas em conjunto, envolvendo a empresa de sua família, a Murphy-Brown LLC, uma subsidiária da Smithfield Foods Inc, e a empresa avícola Nash Johnson & Sons’ Farms Inc.

As três empresas são parceiras da Wilmington Bulk LLC, uma instalação de importação e exportação de grãos e commodities do porto de Wilmington.

Ele disse que as empresas estão tentando comprar mais milho e outros grãos para ração da América do Sul e outras fontes.

Dave Witter, gerente de sustentabilidade empresarial e comunicações da House of RaeFord Farms – uma cooperativa avícola da qual a Nash Johnson & Sons é membro – confirmou as compras do milho brasileiro nesta quarta-feira.

Ele disse que a empresa estava explorando futuras importações de farelo de soja.

Um porta-voz da Smithfield declinou comentar.

A produtora de frangos Pilgrims Pride Corp, cuja dona majoritária é a produtora brasileira de carnes JBS SA, disse no início deste verão que pretendia importar milho brasileiro.

John Prestage disse que a Prestage Farms cria 170 mil suínos e 15 milhões de perus que, no total, consomem 50 milhões de bushels (1,27 milhão de toneladas) de milho por ano.

Prestage disse que, atualmente, os custos para importar milho do Brasil estão cerca de 5 por cento mais baixos do que transportar os grãos do Meio-Oeste norte-americano.

Produtores de carnes e aves da Carolina do Norte e de estados vizinhos dependem principalmente de envios ferroviários de grãos para ração do Meio-Oeste.

A Carolina do Norte é o Estado com a segunda maior produção de suínos dos EUA, mas ocupa a 22a posição no ranking de produção de milho no país.

Prestage disse que sua empresa nunca dependeu desse volume de importação de grãos. Que essa situação o deixa nervoso, apesar de os funcionários da Bunge e da ADM tentarem acalmá-lo.

“Eles afirmam que está tudo bem”, ele disse, mas acrescentou que “cada embarcação é uma dúvida” até que atraque no porto.