Redação (04/07/2008)- A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deverá manter inalterada, pelo menos por enquanto, a estimativa de exportação de milho do Brasil neste ano, apesar das geadas que reduziram a safra do País e da atual lentidão nos negócios de exportação, disse um técnico da estatal.
De acordo com estimativa da Conab de junho, o Brasil deverá exportar 11,5 milhões de toneladas de milho neste ano, contra 10,9 milhões em 2007. Na semana que vem, será divulgada a previsão de julho.
Até junho, o País exportou no acumulado do ano 2,94 milhões de toneladas, contra 3,18 milhões no mesmo período de 2007, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior.
"A exportação eu vou mantê-la. Só vou reduzir, dependendo do tamanho que foi a quebra, o estoque final. Não vou mexer na exportação. Temos que ser coerentes com o mundo", disse Marco Antônio Carvalho, analista de milho da Conab, referindo-se a um mercado mundial apertado, mais ainda agora diante das enchentes nos Estados Unidos, o que poderia abrir oportunidades ao Brasil.
O estoque final estimado pela Conab na temporada 2008 é de 10 milhões de toneladas, considerando uma safra de 58,4 milhões de toneladas, uma estimativa de produção que não deverá se confirmar, visto que apenas o Paraná já registrou perdas pelas geadas de 1,3 milhão de toneladas.
Além disso, o Mato Grosso do Sul também foi afetado pelo frio intenso, e as perdas nesse Estado podem superar 600 mil toneladas, segundo recente avaliação do Centro de Estudos Agrícolas da Fundação Getúlio Vargas.
Mesmo assim, o País ainda colheria mais do que em 2007, quando a safra total foi de 51,3 milhões de toneladas.
A quebra em torno de 2 milhões de toneladas, nos dois Estados, admitiu Carvalho, dificulta as exportações porque deu firmeza ao mercado interno, tornando-o mais vantajoso do que as ofertas de preço feitas pelo exportador.
Mas ele destacou que isso deve mudar no futuro próximo, quando houver uma melhor definição da segunda safra brasileira e da safra americana.
"O próximo ”round” vai ser em agosto", disse ele, observando que no mês que vem será possível ter uma idéia mais clara da oferta interna, com o avanço da colheita da safrinha, além do conhecimento das reais perdas nas lavouras dos EUA.
Maior volume
Uma fonte do mercado que pediu para não ser identificada avaliou que os preços internos podem cair cerca de R$ 2 por saca de 60 kg, quando um maior volume da safrinha chegar ao mercado, o que viabilizaria mais negócios para exportação.
Atualmente, os negócios para exportação não saem, disse a fonte, porque as ofertas de preço dos exportadores estão cerca de US$ 10 por tonelada abaixo do que os vendedores estão pedindo, algo em torno de US$ 300 por tonelada (FOB porto).
"Os preços no mercado interno estão inibindo a exportação. Vai chegar o momento, quando realmente começarem a colher a safrinha, que vai tornar viável a exportação."
O Brasil, com uma forte indústria de carnes, costuma exportar seu excedente de milho.
A fonte disse ainda que o Brasil, apesar da atual lentidão nos negócios para exportação, já fechou contratos para vendas de mais 1 milhão de toneladas, além das cerca de 3 milhões já embarcadas.
Lucílio Alves, analista do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vê embarques mais fortes de milho do Brasil entre agosto e outubro.
"Em julho, já deve ter algum crescimento (a exportação), com a colheita da safrinha tendo avançado um pouco mais", destacou ele.