Redação AI 09/08/2002 – A Cooperativa Agroindustrial Lar, de Medianeira, extremo-oeste do Paraná, fechou contrato com o McDonald`s para fornecer matéria-prima para o hambúrger de frango utilizado na rede de lanchonetes da Europa. O primeiro embarque será feito em setembro. O volume inicial será de 250 toneladas de peito de frango por mês, podendo chegar a 700 toneladas mensais.
Concluída há 20 dias, a negociação arrastava-se havia mais de um ano e foi conduzida em sigilo, diretamente por executivos da multinacional na Europa, sem o envolvimento da filial brasileira.
A carne será processada em uma indústria do McDonald`s na Alemanha e distribuída para as lanchonetes da rede na Europa.
Auditoria interna
“Antes de fechar o negócio, os executivos fizeram uma auditoria em nossa cadeia produtiva, desde a fábrica de ração até o abatedouro, passando pelo criadores de frango”, diz Irineo da Costa Rodrigues, presidente da cooperativa. A Lar, como a entidade é conhecida, é considerada modelo no Brasil.
Apesar do pequeno volume inicial – 5% da produção mensal do abatedouro, de 5 mil toneladas de carne de frango, 40% sem osso e sem pele -, o contrato internacional com o McDonald`s empolga a cooperativa, que já vende cerca de 30 toneladas mensais para a Braslo, subsidiária da rede no Brasil, que industrializa os alimentos utilizados nos lanches. “Esse cliente é uma vitrine muito importante para nós”, diz Rodrigues. Os valores dos dois contratos não foram revelados.
Metas alcançadas
Inaugurado há menos de três anos, em setembro de 1999, com a perspectiva de exportar até 30% de sua produção, o abatedouro de aves da Lar superou a meta rapidamente. Neste ano, deverá passar de 55% do total. Os principais destinos são Japão, Hong Kong e União Européia. “No ano passado, nossas exportações atingiram 25% do total produzido”, afirma Ione Luiz Farias, funcionária da cooperativa.
A negociação com o McDonald`s foi concluída antes de 8 de julho, quando a União Européia publicou resolução que cria barreiras à importação de cortes de frango salgados. A Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef) calcula uma redução de até 85% dos volumes embarcados, em função da medida, que aumenta o teor de sal – de um patamar atual de 1,2% a 1,5% para até 1,9% – e amplia, de 15,4% para 70%, a tarifa de importação.
O teor negociado pela cooperativa com o McDonald`s fica no patamar em vigor antes da resolução. Além dessa barreira, a avicultura brasileira enfrenta a superoferta, o baixo preço no mercado interno e a explosão dos preços do milho e da soja, principais insumos da ração.
O cenário favorável, bem distinto da crise que atinge a avicultura nacional, tem levado a cooperativa a investir no setor. A Lar vai gastar R$ 20 milhões em um incubatório, uma unidade de produção de matrizes e uma fábrica de rações exclusiva para a alimentação de aves.
Toda essa estrutura está sendo erguida no município paranaense de Santa Helena, com o apoio da prefeitura local, que fará as obras de infra-estrutura e dará incentivos fiscais. O objetivo é produzir os 140 mil pintos alojados diariamente nas granjas dos cooperados, hoje comprados de fornecedores.
Faturamento
Com previsão de faturamento de R$ 430 milhões neste ano, a Lar tira da agroindústria 54% de sua receita. Possui dez unidades, que processam soja, mandioca, vegetais e frutas. Há um ano, abandonou o nome Cotrefal (Cooperativa Agrícola Três Fronteiras) e adotou a marca Lar, estampada em seus produtos industrializados.
Em julho passado, o McDonald`s também fechou contrato de fornecimento com a fábrica da Sadia, de Concórdia (SC), que passou a fornecer hambúrgueres bovinos e salsichas de porco para os 66 restaurantes da rede no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Procurada pela reportagem, a filial do McDonald`s no Brasil não quis comentar o assunto.