Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Economia

Cooperativas seguram a balança

Desempenho positivo de empresas do setor segura a queda no faturamento com as vendas externas e ajuda a equilibrar saldo comercial do estado.

O tombo nas exportações do Paraná no primeiro trimestre só não foi maior graças ao desempenho do agronegócio. O resultado obtido a partir do campo segurou as pontas na balança comercial paranaense. A conclusão está em um levantamento da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), que destaca um recuo de apenas 0,9% nas vendas externas do sistema, num período em que os embarques totais do estado recuaram 29,5%, para US$ 2,2 bilhões, no acumulado do ano. O desempenho regional foi melhor que a média nacional. No país, o segmento faturou 12,2% menos (US$ 668,4 milhões), o que fez com que o Paraná ampliasse a liderança nos embarques cooperativos – agora, o estado responde por 40% das exportações, o equivalente a US$ 267,1 milhões.

As cooperativas não são exceção, mas nem todas as empresas do segmento agropecuário estão conseguindo manter seus negócios em alta no exterior. Algumas caíram e outras nem aparecem mais no ranking do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) que destaca os 40 maiores exportadores do país. Para os analistas, vale a máxima de que a crise abre oportunidades, mas que é preciso estar preparado para elas. Melhor para o agronegócio do Paraná – ou para as cooperativas do estado, que aumentam sua participação no comércio internacional em uma fase de retração da economia mundial.

É o caso da Coamo (de Campo Mourão, no Noroeste), que incrementou em 33% as vendas ao exterior, e da Coopavel (em Cascavel, Oeste paranaense), que faturou 43% a mais com as exportações no primeiro trimestre do ano. “Em um estado onde 67% de tudo o que é exportado vem do campo, o desempenho positivo das cooperativas ajuda a economia como um todo”, diz Robson Mafioletti, analista da Ocepar. O crescimento é resultado da conquista de novos mercados, aumento da demanda e redução na oferta de alguns produtos, provocada pela quebra na produção devido a fatores climáticos.

José Aroldo Gallassini, presidente da Coamo, explica que a crise criou um ambiente instável e de insegurança no comércio internacional. Os compradores passaram, então, a buscar mais segurança e garantias de entrega pelos fornecedores, avalia o dirigente. O resultado foi que “entre setembro e outubro, quando se estimava que o mercado ia cair cerca de 10%, os pedidos da Coamo só aumentaram.” Ele conta ainda que a cooperativa tem contratos fixos na Europa e navios fretados para o ano todo. Além disso, destaca, as vendas também cresceram com novos clientes. Desde o início das turbulências financeiras, Gallassini sempre acreditou que o setor de alimentos seria o menos e também o último a ser atingido. O cenário atual confirma a tendência antecipada pelo cooperativista. “Apesar do problema da seca, o agronegócio volta a crescer, com bons preços e o mercado em alta.”

Dilvo Grolli, presidente da Coopavel, comunga do mesmo otimismo. Depois de quase dobrar seu faturamento com as exportações no primeiro trimestre do ano, a cooperativa quer encerrar 2009 com receita externa 20% maior, num total de US$ 65 milhões. “O pior da crise já passou, mas o agronegócio brasileiro vai precisar de seis meses para equacionar o prejuízo do último trimestre de 2008”, diz. “Os preços caíram de elevador. Agora, estão subindo de escada”, completa.

No país

No Brasil, o dado mais atualizado (30 de abril), aponta para exportações 16,5% menores no acumulado de quatro meses – janeiro a abril –, para US$ 43,5 bilhões. O agronegócio participou com US$ 18,1 bilhões (37% do total), menos 9,4% em relação a igual período do ano passado. O resultado, ainda que negativo, mostra que o agronegócio se recupera do estrago causado pela crise econômica mundial. Em janeiro, o faturamento do setor com as exportações registrava queda de 10,4%. Esse índice foi de 9,4% em março e de 8% em abril.