Um ano e meio depois de sua matriz americana quase ter sido vendida para a multinacional Bunge, a Corn Products Brasilanuncia investimentos de R$ 170 milhões nos próximos dois a três anos no país para aumentar sua capacidade de processamento de milho, ampliar linhas de produção e desenvolver novos ingredientes.
Com perfil discreto, a empresa controlada pela Corn Products Internationalestá no Brasil há 81 anos e produz ingredientes à base de milho para as indústrias de alimentos, bebidas, nutrição animal, farmacêutica e de embalagem e papel.
O destino dos R$ 170 milhões será as unidades da companhia em Cabo de Santo Agostinho (PE), Mogi Guaçu (SP) e Balsa Nova (PR), segundo o presidente da Corn Products Brasil, Carlos Alberto Bianco. “O mercado está crescendo como um todo, mas a maior ênfase será na unidade do Nordeste”, afirma.
A razão é evidente: a Corn quer ampliar sua produção de ingredientes no Nordeste para atender à crescente demanda das indústrias de alimentos e bebidas na região, que vive um aumento expressivo no consumo graças à melhoria na renda.
A prioridade é o Nordeste, mas também são necessários investimentos nas duas outras unidades já consolidadas, diz o executivo, há quatro anos na presidência da empresa e há 32 anos no grupo. Além dessas três, a Corn tem plantas ainda em Conchal (SP) e Alcântara (RJ).
Com os recursos, explica Bianco, a empresa vai ampliar sua capacidade de moagem de milho, hoje em 1,4 milhão de toneladas por ano, e também as linhas de produção de ingredientes, como xaropes de glicose, xaropes de alta maltose, amidos de milho, corantes, maltodextrinas, óleos e outros.
Nas três unidades, haverá obras de construção civil para a ampliação das instalações, e a expectativa da Corn é que as novas linhas de produção em Cabo de Santo Agostinho (PE) e Balsa Nova (PR) entrem em operação a partir do último trimestre do ano que vem. Para Mogi Guaçu, a previsão é 2012.
O Brasil, que respondeu por 15% da receita de US$ 3,7 bilhões da Corn Products International em 2009, é fundamental na estratégia da companhia. E é, atualmente, um mercado ainda mais atrativo, o que explica os investimentos. “O Brasil é visto como um mercado diferenciado, com estabilidade econômica e uma classe mais baixa migrando para a classe média. Por isso a expectativa é de bons resultados”, argumenta Bianco.
Dentro da estratégia de crescimento do portfólio de ingredientes no Brasil, Bianco não exclui aquisições no segmento.
Com sede em Illinois, nos Estados Unidos, a Corn Products International está em outros 14 países além do Brasil. Este ano, até o terceiro trimestre, o grupo americano faturou US$ 2,959 bilhões, 9% acima dos US$ 2,713 bilhões de igual período de 2009. Na América do Sul, onde o Brasil responde pela maior parte do resultado, a receita foi de US$ 874 milhões até setembro deste ano.
Como o capital da Corn Products International é aberto nos EUA, o executivo evita previsões, mas observa que os preços do milho – a principal matéria-prima da indústria – mudaram de patamar recentemente. E para cima. Para garantir a matéria-prima, a Corn Brasil criou um programa de fidelidade com produtores, localizados num raio de até 400 km da empresa. Segundo o presidente da subsidiária brasileira, todo o milho utilizado é completamente rastreado, desde a fazenda onde é produzido até as fábricas.