A avicultura brasileira corre para não ser surpreendida pelo seu próprio crescimento. Nos últimos 10 anos o consumo interno subiu consideravelmente (hoje está ao redor de 40 quilos/habitante/ano), as exportações triplicaram e a tendência é de alta contínua. Vários especialistas acreditam que a carne de frango será a mais consumida na próxima década em todo o mundo. Ficaria bem mais barata, por exemplo, do que a do boi. Alguns arriscam dizer que a carne de frango servirá todas as mesas, enquanto a bovina ficaria restrita a nichos de maior poder aquisitivo.
A Conferência Facta, que está sendo realizada (termina nesta quarta-feira, 01/06) em Santos, no litoral paulista, espelha este panorama promissor. Mais de mil pessoas, entre criadores, professores e representantes da indústria estão lá discutindo principalmente tecnologia. Destaque para centenas de jovens estudantes de veterinária e zootecnia de vários estados. A afluência de público ao evento, em sua 29ª edição, supera largamente a de outros anos. “Temos que nos posicionar frente ao que vem por aí. O Brasil já é reconhecido por sua capacidade de produção, mas é necessário atualizar o conhecimento e apresentar as novidades técnicas essenciais ao aumento da produtivade do setor”, afirma Edir Nepomuceno da Silva, presidente da Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícola (Facta).
Segundo ele, o país já produz 12 milhões de toneladas de carne de frango. Mais que o boi, muito mais que o porco. Hoje, o ciclo completo – do nascimento ao abate – do frango é de 42 dias. Como comparação, o boi leva dois anos. E essa escalada do Brasil no mercado internacional (a mira dos negócios está nos emergentes) levou o país a ser escolhido pela World’s Poultry Science Association – entidade criada em 1912 e que congrega os cientistas da avicultura – para sediar o principal evento do setor no mundo, o XXIV Congresso Mundial de Avicultura, que vai acontecer de 5 a 9 de agosto de 2012, em Salvador, BA.
“É a grande oportunidade de o Brasil mostrar ao mundo os motivos da conquista do mercado mundial de carne de aves: qualidade e preços. Em Salvador, estarão nossos clientes e competidores”, afirma Nepomuceno.
Para o presidente da Apinco, a avicultura deve primeiramente atender com qualidade e bons preços o mercado interno, “que é imenso e no qual há muito a avançar”, para depois voltar-se às exportações.