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Corte de 70%

<p>União Européia deve aceitar redução de 70% nas tarifas agrícolas mais altas, que atingem exportações do Brasil.</p>

Redação (22/06/07) – Depois dos Estados Unidos dizerem que aceitam limitar os subsídios agrícolas que mais distorcem o comércio para US$ 17 bilhões, ontem foi a vez da União Européia dizer que pode aceitar redução de 70% nas tarifas mais altas, que atingem exportações do Brasil de carnes bovina, frango e açúcar.

Já a Índia não se moveu, complicando a situação para exportadores como o Brasil e os Estados Unidos. O ministro Kamal Nath martelou com a exigência de designar 20% de produtos como “especiais” , a metade com corte tarifário menor e a outra metade isenta de liberalização.

Em meio ao blecaute de informação para a imprensa ontem na negociação do G-4 – após reclamação do secretário de Agricultura dos EUA, Mike Johanns -, o embaixador da União Européia (UE) em Genebra, Eckert Guth, passou a falar alto no celular no pátio do hotel, onde estavam os jornalistas. Pelos pedaços da conversa – ouvida por repórteres -, o representante europeu insinuava que Bruxelas tinha feito uma oferta importante na área agrícola e era necessário flexibilidade de alguns países da UE, que estariam resistindo.

Em Bruxelas, fontes indicam que um grupo chamado G-14 (com França, Irlanda, Grécia, Espanha, Itália e Finlândia), resiste à abertura agrícola e não cessa de advertir o comissário europeu de comércio, Peter Mandelson.

No telefone, em voz alta, Guth contou que na negociação sobre produtos industriais falou-se de uma fórmula com coeficiente 30, o que significaria corte insignificante nas alíquotas de importação de países emergentes. A própria indústria no Brasil aceitaria um coeficiente menor.

A UE é mais exigente, enquanto os EUA diminuíram a demanda na área industrial, por achar que haverá liberalização através de acordos setoriais. O corte de 70% na banda com as tarifas agrícolas mais altas, em todo caso, está longe de ser o que parece, confirmando temores brasileiros de que o que é dado com uma mão é retirado com outra.

É que os europeus, na verdade, planejam designar como “sensíveis” boa parte dos produtos que estão na banda mais alta, de forma que o corte de 70% pode significar redução de apenas 24%, por exemplo, para a entrada de carne bovina.

A grande barganha entre o Brasil e a UE envolve as carnes (bovina, de frango e suína). O volume de cotas é pelo volume de importação corrente, e não pelo consumo doméstico europeu. Exportadores querem conseguir pelo menos incluir na cota (com tarifa menor) o que é hoje exportado fora da cota (tem tarifa mais alta).

No entanto, a poderosa confederação Copa-Cogeca, que reúne milhares de agricultores europeus, confirmou em Bruxelas que não aceita a abordagem negociadora de Mandelson, estimando que ele está fazendo concessões demais para o Brasil.

A diretoria da Copa-Cogeca insistiu que não dá para aceitar o corte de 70% nas tarifas mais altas, mesmo com a proteção para sensíveis. A expectativa é de agora os países apresentarem suas condicionalidades, porque ninguém oferece nada de graça. Mas antes do blecaute de informação, ontem, certos negociadores admitiam que a possibilidade de fechar algum acordo em Potsdam é improvável.