Redação (19/12/2008)- Mesmo com os percalços do agronegócio na safra 2008/09, marcada por dificuldades de comercialização, restrições na obtenção de crédito e redução do uso de tecnologia nas lavouras do país, a cooperativa Cotrijal, de Não-Me-Toque (RS), projeta novo aumento de sua receita no próximo ano. A cooperativa deve encerrar 2008 com faturamento de R$ 580 milhões, montante 5,4% superior aos R$ 550 milhões do ano anterior.
"Ao contrário do que ocorreu em outras partes do país, aqui na região conseguimos bons acordos comerciais, que evitaram a redução do uso de fertilizantes", afirma o presidente da Cotrijal, Nei Cesar Mânica. "Isso deve garantir uma boa produtividade. Ainda conseguimos plantar com alto uso de tecnologia". A meta da cooperativa é atingir receita de R$ 625 milhões em 2009.
A se confirmar, os R$ 580 milhões em 2008 serão a maior receita anual já obtida pela Cotrijal, nascida há 51 anos. Ela atua em 14 municípios das regiões norte e noroeste do Rio Grande do Sul. De seus 250 mil hectares, 200 mil são dedicados à produção de soja e o restante, à de milho. Na safra de inverno, 30% da área é ocupada por cevada e trigo, cultura que motivou a criação da cooperativa.
Assim como ocorreu neste ano, as vendas deverão ficar concentradas no mercado nacional, diz Mânica. "Há um desaquecimento no mundo todo, mas a comercialização, no momento, está mais vantajosa no mercado interno. O volume aqui é grande. São quase 200 milhões de bocas para alimentar", disse.
A tendência ainda indefinida dos preços das commodities agrícolas para 2009 e a lenta comercialização da safra 2008/09 não impediram a Cotrijal de também manter seu programa de investimentos para o próximo ano. A capacidade de armazenagem da cooperativa, que é atualmente de cerca de 600 mil toneladas, deve ser ampliada em 5%. Anualmente, a Cotrijal investe entre R$ 10 milhões e R$ 20 milhões para reforço de sua infra-estrutura, entre armazéns e pontos de comercialização.
No país, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já admite a possibilidade de redução da produção de grãos, muito por conta da diminuição do uso de fertilizantes em boa parte das lavouras de grandes estados produtores, como Mato Grosso. A possível queda de produtividade pode contribuir para a recuperação dos preços das commodities, avalia o dirigente, já que a oferta pode ser um pouco menor no próximo ano. As cotações de soja e milho, que atingiram seus picos históricos no meio do ano, despencaram desde então.
"Vai ser uma safra de margens mais apertadas. Os reflexos da crise vão continuar em 2009, mas o mundo já passou por outras e saiu de todas elas", disse.