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Crédito de carbono atrai cooperativas

<p>A Cooperativa Agroindustrial Copagril, de Marechal Cândido Rondon (PR), está em processo de consultoria para desenvolver um projeto-piloto para transformar os dejetos de 12 mil suínos em gás por meio de biodigestores.</p>

Redação SI (26/09/2007) – Em busca de novos negócios e de soluções para problemas ambientais comuns à atividade rural, as cooperativas começam a buscar alternativas de captação de recursos no mercado de crédito de carbono, em vigor desde a criação do Protocolo de Kyoto, em 1997.

A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) inicia amanhã (27/09) um seminário com especialistas da área para ampliar o volume de projetos registrados no Conselho Executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo das Nações Unidas (ONU). Hoje (26/09), apenas um projeto de cooperativa pode comercializar os créditos de carbono, mas a OCB estabeleceu a meta de 15 projetos registrados até o fim de 2008 nas áreas de energia renovável, reflorestamento e tratamento de resíduos.

A demanda por informações tem crescido à medida que se disseminam exemplos de sucesso ligados a esse novo mercado. O principal deles é a experiência da Cooperativa de Eletrificação Rural (Eletrorural), de Castro (PR). Dona da Pesqueiro Energia S.A em sociedade com a Ceral, de Arapoti (PR), e a Ceripa, de Itaí (SP), a cooperativa faturou R$ 6 milhões com a recente venda de 134 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) evitadas com a geração de energia de uma pequena central hidrelétrica (PCH), situada em Jaguariaíva (PR). Única a ter registro oficial na ONU, a Eletrorural optou por vender os créditos acumulados entre o início de 2003 e 2006 a uma empresa de energia do Japão.

"Era um conceito de que todo mundo falava, mas ninguém tinha visto", diz o coordenador-geral da Pesqueiro, Rosmir Cesar de Oliveira. "Começou como estratégia de sobrevivência e passou a equilibrar nossas contas". De 2006 para cá, contabiliza quase 80 mil toneladas disponíveis para nova operação. Geradora de 80 mil megawatts por ano, a PCH foi inaugurada em 2003 e evita a emissão anual de 40 mil toneladas de CO2.

De olho no sucesso da Eletrorural, a Cooperativa Agroindustrial Copagril, de Marechal Cândido Rondon (PR), está em processo de consultoria para desenvolver um projeto-piloto para transformar os dejetos de 12 mil suínos em gás por meio de biodigestores. O diretor da Eco Business, Jrgen Leeuwestein, estima que o projeto da Copagril pode evitar a emissão de 70 mil toneladas de CO2 em dez anos. "As cooperativas podem mostrar aos produtores um caminho para mitigar impactos ambientais e gerar lucros adicionais", afirma ele.

O Brasil tem 106 projetos registrados e 21 em andamento na ONU. Pelas contas do organismo, o País ajudou a evitar o despejo de 140,7 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. O avanço do processo enfrenta problemas no Brasil. Faltam soluções para os altos custos, as dificuldades na tramitação burocrática, a baixa capacitação e proliferação de consultorias. Por isso, a OCB quer mostrar como elaborar projetos de MDL, seus aspectos financeiros e riscos dos projetos. A Eletrorural investiu dois anos e R$ 150 mil em consultoria, certificação, validação e registro na ONU. "Mas valeu a pena", diz Rosmir Oliveira. Cada megawatt equivale a 525 toneladas de CO2 e cada nova validação custa US$ 10 mil. "Os grandes estão atendidos. Falta agora foco em médios e pequenos", prega Leeuwestein.