Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Cresce a receita com exportações de frango

A expansão verificada nos últimos anos vai dar lugar à estratégia de manter o volume de remessas e aumentar as receitas obtidas com o comércio exterior.

Redação AI 24/10/2003 – 06h30 – O sistema de cotas imposto pela Rússia está no centro das projeções conservadoras da Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef) para 2004. A expansão verificada nos últimos anos vai dar lugar à estratégia de manter o volume de remessas e aumentar as receitas obtidas com o comércio exterior. No cenário traçado pelo presidente da entidade, Júlio Cardoso, o próximo ano, por conta do impasse com os russos, começará com um déficit de cerca de 120 mil toneladas em relação ao total das remessas do segmento ao longo de 2003, que chegará a 2 milhões de toneladas.

O caminho a ser recuperado tem como base a projeção da Abef de que as remessas para a Rússia, que devem ficar na casa de 170 mil toneladas este ano, não serão superiores a 55 mil toneladas em 2004. Isso por conta da decisão de estabelecer cotas de importação, em vigor desde abril, com base na média das compras dos últimos três anos. Como resultado, as remessas para a Rússia neste ano devem ficar em torno de 11% do total exportado, contra 19% em 2002.

Assim como os produtores, o governo aposta em uma saída que passa pelo equilíbrio da balança comercial dos dois países, que, de janeiro a setembro, fechou com um superávit de US$ 2,6 bilhões para o Brasil. “É um problema razoavelmente complicado”, reconheceu o secretário executivo do Camex, Mario Mugnaini, no 18 Congresso Brasileiro de Avicultura. Mugnaini, que aposta nas negociações bilaterais, aponta como caminho a indução, por parte do governo, ao aumento das importações pelo setor privado. As esperanças dos empresários estão depositadas na visita do presidente russo, Vladimir Putin, ao Brasil, prevista para o primeiro semestre de 2004, e na missão de alto nível a ser enviada à Rússia em abril.

Enquanto não houver acordo, a lacuna será preenchida com o aumento das remessas a mercados consolidados, casos Ásia e África. Mas o avanço mais significativo vem de novos consumidores, com a incorporação de 11 países, o que elevou a participação do item em outros mercados de 5% para 12%.

No futuro, Cardoso também aposta no aumento das exportações para a Europa, que registram, neste ano, retração de dois pontos percentuais, por conta da redução da produção local causada pela onda de calor que atingiu o continente. Um passo para consolidar essa projeção é o fim da exigência da análise, no destino, de 100% das cargas embarcadas no Brasil, decisão tomada após serem detectados traços do antibiótico nitrofurano.

A projeção da Abef de elevar as receitas obtidas com as vendas externas, que este ano vão girar entre US$ 1,9 bilhão e US$ 2 bilhões, conta com um cenário promissor. Ao longo deste ano, o preço médio da tonelada avançou de US$ 760 para US$ 970. As receitas estão sendo reforçadas pelo incremento das vendas de produtos de maior valor agregado. A participação dos cortes no mix das exportações avançou de 48% para 58% em dois anos e deve chegar a 60% em 2003.