Se as incertezas políticas não forem dizimadas, a expansão da energia renovável vai desacelerar nos próximos cinco anos, aponta a Agência Internacional de Energia (IEA na sigla em inglês), no relatório anual “Mercado de energias renováveis no médio prazo”, lançado nesta quinta-feira (28/08).
O relatório aponta que a geração de energia por meio das fontes eólica, solar e hidráulica apresentaram forte crescimento em 2012, atingindo 22% da geração global. O patamar é semelhante ao da geração por gás, que permaneceu estável ante o ano passado. Existia uma expectativa de que a energia renovável crescesse 45% e atingisse 26% da matriz global até 2020. Contudo, a expectativa é de um crescimento lento e estável após 2014, abaixo dos níveis necessários para atender os objetivos de mudanças climáticas globais.
O relatório aponta que US$230 milhões serão investidos em renováveis, por ano, até 2020. Isso é menos do que os US$250 bilhões aportados no ano passado. A redução deve-se às expectativas de que o custo tecnológico caia ao mesmo tempo que o crescimento da capacidade instalada deve desacelerar. A queda nos custos farão com que surjam oportunidades em alguns países.
Como exemplo de mercados competitivos, a agência internacional cita o Brasil, que une bons recursos com condições de financiamento. A IEA cita que a eólica onshore vem levando vantagem sobre as termelétricas a gás nos últimos leilões regulados. Ainda na América do Sul, o Chile também é apontado como uma boa janela para o desenvolvimento da energia solar.
Estimulados pela necessidade de diversificação na matriz e, no caso da China, de melhorar a qualidade do ar, os países que não integram a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) concentram 70% desse crescimento. No entanto, apenas 35% do total instalado provém de renováveis, o que mostra o importante papel dos combustíveis fósseis para esse grupo de nações. Na OCDE, cerca de 80% da geração nova é renovável, mas o crescimento é limitado devido à fraca demanda e os crescentes riscos políticos nos mercados-chave.
“As fontes renováveis são parte importante da segurança energética. No entanto, logo agora que elas estão se tornando competitivas do ponto de vista econômico, crescem o número de incertezas políticas e regulatórias em alguns mercados-chave. Isso deriva de preocupações sobre os custos de implantação de energias renováveis”, disse Maria van der Hoeven, diretora-executiva da IEA.