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Economia

Crescimento do agro pode impulsionar "bem-estar" no Brasil, afirmam economistas

Impulsionado pela supersafra agrícola, que teve um peso superior a 20% no crescimento do PIB, esse movimento pode refletir na popularidade, desde que não ocorram turbulências adicionais

Crescimento do agro pode impulsionar "bem-estar" no Brasil, afirmam economistas

Economistas preveem que a sensação de bem-estar gerada pelo crescimento do agronegócio nas regiões especializadas tende a se espalhar pelo restante do país nos próximos meses. Impulsionado pela supersafra agrícola, que teve um peso superior a 20% no crescimento do PIB, esse movimento pode refletir na popularidade do governo, desde que não ocorram turbulências adicionais.

De acordo com Samuel Pessôa, professor e pesquisador do Ibre-FGV, entre meados de 2023 e 2025, espera-se um processo de redução nos preços dos alimentos básicos, o que gerará uma percepção generalizada de melhoria no bem-estar. Ele destaca que, ao contrário da indústria extrativa mineral, em que a geração de riqueza fica concentrada nas empresas, o agronegócio multiplica os ganhos em toda a economia, além de contribuir para a queda dos preços de alimentos, como leite, carne, ovos e ração, devido à redução do preço da soja. Outras culturas também se beneficiam e impactam positivamente o restante do país.

No entanto, atualmente, a percepção de uma vida mais fácil ainda está distante das grandes cidades. A inflação, mesmo em desaceleração, continua pesando no orçamento das famílias, principalmente as mais pobres. Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria, ressalta que o desemprego também afeta mais os trabalhadores menos qualificados e de menor renda. Ela destaca que esses são ainda efeitos da pandemia e da guerra na Ucrânia. Além disso, segundo um levantamento da Tendências, o comprometimento da renda das famílias com dívidas, incluindo parcelamentos de cartão de crédito, está em um patamar mais alto do que antes da pandemia.

Enquanto isso, nas regiões do agronegócio, a riqueza gerada pelo setor agrícola criou uma realidade menos tensa. Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, afirma que há uma divisão entre os “dois Brasis”: um impulsionado pelo agronegócio, que cresce com mais força, e outro com maior peso da indústria e serviços, que continua estagnado.

Os economistas acreditam que os efeitos positivos do crescimento do agronegócio, somados a melhorias estruturais na economia, contribuirão para espalhar a sensação de bem-estar a partir de agora. A perspectiva de aprovação de marcos importantes, como o das garantias e a reforma tributária, além da tendência de queda nos juros e de entrada de mais recursos estrangeiros, também são fatores que podem influenciar positivamente o cenário econômico.

Embora haja diferentes visões sobre o futuro, a maioria dos especialistas concorda que os movimentos recentes tendem a gerar uma melhora na percepção do governo nos próximos meses. A expectativa é de que o pior momento em relação à inflação, restrições de crédito e altas taxas de juros esteja ficando para trás, o que deve beneficiar a população de baixa renda e a classe média.

Para Pessôa, a supersafra agrícola foi um golpe de sorte para a gestão Lula, mas é um cenário favorável para o país. Ele brinca dizendo que é melhor morar em um país onde o presidente tem sorte do que o contrário. Agora, segundo ele, é preciso saber jogar o jogo da política.