O ano de 2015 não deverá ter margens de lucro tão favoráveis para os criadores de suínos quanto às verificadas em 2014, mas num cenário em que o volume de abate está normalizado e de possível aumento da competitividade no mercado interno, os produtores vão garantir a lucratividade, segundo o diretor executivo da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Nilo de Sá.
“Ainda será um ano de lucratividade para o produtor. Ele não vai conseguir trabalhar com as margens do ano passado, mas com um patamar razoável”, disse Sá à CarneTec na quarta-feira (15).
Em 2014, o custo de produção de suínos se manteve em patamares bastante baixos ao mesmo tempo em que houve aquecimento da demanda no mercado internacional, segundo Sá, favorecendo o setor.
As vendas externas brasileiras de carne suína no ano passado tiveram um bom desempenho em receita, apesar de o volume exportado em toneladas ter sido menor do que em 2013. A receita das exportações brasileiras de carne suína teve aumento de 16,9% ante 2013, totalizando US$ 1,6 bilhão, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Em volume, foram exportadas 505,7 mil toneladas de carne suína, desempenho 4% inferior ao de 2013.
Em 2015, com o aprofundamento da crise econômica na Rússia, maior importadora de carne suína brasileira, Sá não espera melhora nos volumes de vendas externas.
Dados de exportação do primeiro trimestre mostram queda nas receitas de exportação em relação ao ano passado. Entre janeiro e março, foram embarcadas 92,7 mil toneladas de carne suína. Em dólar, as vendas externas somaram US$ 225,7 milhões, queda de 23,5% ante o mesmo período de 2014. A Rússia, apenas, elevou em 1,4% os embarques no primeiro trimestre do ano, a 34,4 mil toneladas. Mas em receita cambial, entretanto, houve redução de 16,4% nas vendas para aquele país, a US$ 93,9 milhões.
Já no mercado interno, espera-se que a elevação do preço da carne bovina ajude a aumentar as vendas da carne suína, mais barata.
“A situação econômica preocupa um pouco porque os números mais recentes indicam que vamos retrair (economia do país). Uma coisa que pode ajudar é o distanciamento do preço da carne suína para a bovina”, disse ele.
Neste ano, até agora, o preço da arroba de carne suína mostra retração. Sá espera que comece a haver uma retomada do consumo de carne suína, passado o período da Quaresma, com intensificação da demanda no inverno, conforme ocorre tradicionalmente, o que pode refletir em aumento nos preços no futuro.