Os criadores independentes de suínos têm sentido mais acentuadamente os reflexos da crise econômica, responsáveis por 20% da produção paranaense. A expectativa era de que os resultados da suinocultura em 2016 repetissem os de 2015, já que até dezembro os criadores acumulavam lucros. Agora, a situação está diferente no Paraná.
“São 40 anos que eu tenho essa granja. Passei por muitas crises. Mas essa está nos atropelando, está muito violenta, muito rápida e deixando a gente sem esperança”, comenta o produtor Miguel Ferreira.
O alto custo de produção somado à queda no preço de venda reduziram os lucros. “Já vendi em 2015 leitão por R$ 97. E agora estou negociando por R$ 50, R$ 60 o leitão de 7 kg”, reclama.
De acordo com a Associação Paranaense de Suinocultores, o setor chegou a esta situação por causa de vários fatores. “Nós tivemos uma oferta a partir de novembro do ano passado maior que a demanda, e isso impactou na questão de sobrar principalmente carne nos frigoríficos. Esses, por sua vez, começaram a dimiuir o valor pra conseguir ter rentabilidade e nós tivemos um problema maior ainda, nesse mesmo tempo os insumos foram pra estratofesra”, explica o presidente, Jacir Dariva.
Em 2015, a produção de carna suína aumentou 10,6% no Paraná. Foram abatidas 7 milhões e 720 mil cabeças. Praticamente 800 mil a mais que em 2014, segundo a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Uma alternativa para driblar a crise, sugere a associação, seria diminuir o número de matrizes para equilibrar a produção e a demanda.
Alcione Soares é gerente geral de uma granja e mesmo com experiência de 17 anos no ramo está procurando outro emprego. “Meu salário reduziu pela metade. Tenho dois filhos na faculdade. Não gostaria de parar de trabalhar na granja, mas tá difícil continuar nesta situação”, aponta.
As cooperativas e as indústrias que mantêm integrações, apesar de sentirem menos os reflexos da crise, também estão pisando no freio. A Cooperativa Agroindustrial de Cascavel (Coopavel), que abatia 1,1 mil suínos por dia, diminuiu a produção em 10%.
O presidente da cooperativa, Dilvo Grolli, acredita em uma recuperação a partir de setembro. “O problema do suíno é o momento de custo, fraca demanda nacionalmente e o mercado externo equilibrado. Mas ainda acho que é um produto que tem possibilidade de crescimento na produção e no consumo mais próximo do fim do ano”, espera.