Apesar de produzirem toda a carne ´in natura´ necessária ao consumo interno, criadores de porcos cearenses estimam um prejuízo imediato de 15% a 20%, com a gripe suína. O vilão no caso não é o vírus influenza tipo A, mas a falta de informação à população, lamenta o presidente da Associação dos Suinocultores do Ceará (Asce), Paulo Hélder de Alencar Braga.
´Não há perigo de contágio por humanos com o consumo de carne, nem importamos nada do México, mas esperamos uma queda no consumo até que haja mais esclarecimento para a população´, explica. Até agora, não há evidência de que a gripe suína possa ser transmitida ao se comer carne de animais infectados — principalmente se cozidas a uma temperatura acima de 70°C.
Atualmente, o Estado tem um consumo per capita de 5,5 quilos de carne suína, o que vem sendo suprido pela produção de 140 mil suínos por ano. Já os congelados e embutidos derivados da carne de porco, como bacon, lingüiça e salsicha, vêm de estados do Sul e Centro-Oeste. Embora ainda não exista vacinas contra o vírus Influenza, Braga acha improvável uma contaminação do rebanho local.
O consumo de carne deve se retrair não apenas no Ceará, mas em todo o mundo. Como o Estado não é exportador desse produto, o presidente do Centro Internacional de Negócios (CIN), Eduardo Bezerra, afirma que não há motivos para se preocupar. ´Apesar de não haver contágio pela ingestão, espera-se uma redução entre os estados e países exportadores, mas hoje o Ceará não exporta carne suína´, diz.
Para Bezerra, o fato de ter se iniciado em um bloco econômico desenvolvido, o Nafta (formado por Canadá, Estados Unidos e México), faz da gripe aviária um problema que deve ser controlado com mais agilidade. ´Esses países têm condições de tomar todas a providências para controlar essa gripe, que ainda não é uma epidemia. Problema seria se ocorresse em países menos desenvolvidos, mas as autoridades brasileiras já estão tomando providências´, argumenta.
Segunda-feira, durante a abertura da Agrishow 2009, em Ribeirão Preto (SP), o presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), Carlo Lovatelli, afirmou que o surto de gripe suína originado no México e com casos nos Estados Unidos, Canadá e Espanha ´é preocupante´ e deve impactar em ´commodities´ agrícolas, sobretudo o milho e a soja, principais fonte de alimentação do rebanho suína.
Entretanto, o Ceará não é um grande produtor nem de milho e nem de soja. ´A produção não atende nem mesmo a demanda interna da avicultura´, segundo Francisco Zuza de Oliveira, diretor de Agronegócio da Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece). A produção de milho em 2007, diz Zuza, não chegou a 360 mil toneladas, enquanto somente a avicultura consome 400 mil toneladas. A soja vem toda de fora do Estado.
Abipecs- O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, prefere não especular sobre o preço da carne suína. “Eu poderia especular o preço para baixo, assim como poderia especular positivamente, dizendo que poderia haver alta dos preços aqui porque os rebanhos estariam protegidos e a gripe estaria atingindo outros países, como os Estados Unidos. Mas este é um sério problema de saúde pública. A preocupação é não infectar pessoas”.