A crise no mundo árabe não derrubou só as ditaduras do Egito, da Tunísia e da Líbia. O comércio do Brasil com a região também foi afetado – em maior ou menor grau, dependendo do país.
O processo revolucionário que ficou conhecido como “Primavera Árabe” começou no fim do ano passado e estendeu-se a paises da região do Oriente Médio e Norte da África.
A Líbia, do ex-ditador Muamar Gaddafi, viu suas relações comerciais com o Brasil despencarem neste ano. A venda de produtos brasileiros para o país árabe de janeiro a setembro –principalmente cereais, açúcar e carnes – caiu 72,51% ante os mesmos meses do ano passado.
Já a importação de produtos líbios pelo Brasil – unicamente o plástico – quase zerou, registrando uma queda de 99,26% nos primeiros nove meses do ano.
Por outro lado, mesmo com as instabilidades políticas, o Egito continuou sendo um dos principais parceiros comerciais do Brasil no mundo árabe. Trata-se do segundo país árabe que mais compra os produtos brasileiros, ficando atrás apenas da Arábia Saudita.
Até setembro, o Egito gastou US$ 1,73 bilhão comprando mercadorias brasileiras, um aumento de 23,87% em relação ao mesmo período de 2010. E o Brasil, por sua vez, passou a comprar muito mais artigos egípcios: foi registrado um incremento de 109% nas importações no período.
No geral, comércio com países árabes aumentou
Considerando todo o bloco árabe, houve um aumento de comércio com o Brasil neste ano, mesmo com as instabilidades na região.
As exportações brasileiras para a região totalizaram US$ 11 bilhões de janeiro a setembro, um crescimento de 26% em relação ao mesmo período de 2010.
Já as importações fecharam o mesmo período com US$ 7,3 bilhões, um aumento de 42% em relação ao ano anterior.
Os dados são da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, que representa a Autoridade Nacional Palestina e mais 21 países árabes: Arábia Saudita, Argélia, Bahrein, Djibuti, Egito, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Ilhas Comores, Iraque, Jordânia, Kuait, Líbano, Líbia, Marrocos, Mauritânia, Omã, Qatar, Síria, Somália, Sudão e Tunísia.
“O relacionamento comercial entre Brasil e países árabes tem se mostrado aquecido durante todo o ano”, afirma Michel Alaby, diretor-geral da entidade.
A corrente comercial entre o Brasil e os países árabes é, tradicionalmente, pautada por gêneros alimentícios e commodities. Segundo Alaby, as exportações brasileiras para os árabes estão concentradas em alimentos, minério de ferro e em menor proporção em maquinários e aeronaves. As importações do Brasil são basicamente petróleo e produtos químicos.
“Para manter os preços dos alimentos em um patamar acessível para a população dos países árabes, os governos normalmente compram no mercado internacional, e o Brasil já é um parceiro consolidado nesta área”, diz. “Com a formação destes estoques, os países árabes controlaram a inflação e ainda aumentaram o fluxo de comércio exterior.”
Principais produtos negociados – Em 2011, os produtos que o Brasil mais exportou aos árabes foram: açúcares (US$ 3,17 bilhões), carne de frango e bovina (US$ 2,58 bilhões), minérios (US$ 2,195 bilhões), e gorduras e óleos vegetais (US$ 386,75 milhões).
As principais importações de países árabes foram: combustíveis minerais (US$ 5,88 bilhões); adubos e fertilizantes (US$ 852 milhões); sal, enxofre, cal e cimento (US$ 206 milhões); e plásticos e matérias afins (US$ 132 milhões).