O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior acredita que o Brasil não deverá alcançar a meta de 160 bilhões de dólares em exportações neste ano definida pelo governo.
“Dificilmente vamos chegar a 160 bilhões de dólares de exportações neste ano… Seguramente será inferior a 160 bilhões, mas ainda não fizemos a conta”, disse ontem (01/10) o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, em entrevista coletiva para comentar o desempenho da balança comercial de setembro.
É mais provável, segundo ele, que as vendas externas fechem 2009 próximas ao volume atual acumulado em 12 meses, de 158,9 bilhões de dólares. “O problema é a recuperação lá fora, dos nossos compradores”, disse Barral, referindo-se aos efeitos da crise econômica global.
Pela manhã, o ministério divulgou que a balança comercial encerrou setembro com superávit de 1,33 bilhão de dólares -segundo pior resultado mensal deste ano.
O saldo é resultado de 13,864 bilhões de dólares em exportações e 12,534 bilhões de dólares em importações.
Neste ano, o desempenho no último mês só perde para janeiro, quando a balança foi deficitária em 529 milhões de dólares. Frente a agosto, o superávit comercial caiu 56,5 por cento. Em relação a setembro do ano passado, houve queda de quase 52 por cento.
Mesmo assim, o superávit acumulado no ano, de 21,275 bilhões de dólares, supera os 19,686 bilhões de dólares de igual período de 2008.
Instituições financeiras consultadas pelo Banco Central esperam que o Brasil feche o ano com superávit comercial de 25,3 bilhões de dólares. Em 2010, o saldo positivo deve desacelerar para 18 bilhões de dólares.
Manufaturados – Apesar da queda de 30,5% na comparação com setembro do ano passado, Barral comemorou a alta de 10,3% nos embarques de produtos manufaturados no mês passado sobre agosto, totalizando 6,162 bilhões de dólares.
“O Brasil está conseguindo exportar mais manufaturados. O mês de setembro foi o melhor mês do ano para as exportações de manufaturados”, disse, lamentando a redução dos preços dessas mercadorias devido à maior competição no mercado internacional.
As exportações de produtos manufaturados que mais subiram foram as de aviões e laminados planos.
As vendas de produtos básicos, no entanto, recuaram 9,6 por cento ante agosto e caíram 22,4 por cento contra setembro do ano passado, somando 5,503 bilhões de dólares no mês passado.
“Caíram as exportações de básicos em setembro. O que compensou foi as exportações de manufaturados”, afirmou.
Ele disse esperar que esse movimento continue a ocorrer nos próximos meses.
O secretário de Comércio Exterior também lamentou a queda das exportações para os Estados Unidos, mas destacou que há uma recuperação tímida das vendas para o Mercosul e destacou a Argentina. A China é o único grande mercado que comprou mais do Brasil em setembro e também no acumulado do ano frente os mesmos períodos de 2008.
Quanto às importações, o secretário salientou o crescimento de 20,2% das compras de bens de capital em setembro na comparação com agosto, para 2,775 bilhões de dólares. Na comparação com setembro de 2008, houve queda de 18,5%. “As empresas estão investindo em maquinário”, observou.