A crise que tanto afeta a suinocultura brasileira e que tem tomado proporções maiores a cada dia foi destaque entre os discursos feitos na tribuna do Senado na tarde de ontem (4). A senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), autora do PLS 330/2011, que têm por objetivo regulamentar a relação entre produtor integrado e agroindústria, destacou que os problemas da suinocultura devem servir de “alerta ao governo”.
“Os produtores de carne suína no sul do Brasil estão à beira da falência por causa da dificílima situação do setor. A queda das exportações para países como a Rússia e Argentina, tradicionais mercados para nossa carne suína, diminuiu de tal forma a renda dos produtores que obriga hoje os criadores de suínos a pagarem as dívidas entregando caminhões e até animais, que são sua matéria-prima”, disse a senadora.
Ana Amélia destacou os problemas enfrentados pelos produtores, especialmente na região Sul do país. Dados já apontados pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), que mostram que os frigoríficos estão diante de graves problemas, foram destacados pela parlamentar, que fez um apelo em prol da suinocultura.
“O exemplo dos produtores de suínos, que em menos de dois meses podem ver várias propriedades fechadas, precisa servir de alerta para que o Governo abra canais de diálogo e encontre solução duradoura para a redução do custo Brasil”, disse.
O apelo da parlamentar foi reforçado pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que também se solidarizou com os produtores. “Quero me solidarizar com os suinocultores do Brasil, que estão vivendo um momento de aflição”, disse.
A aflição dos suinocultores ganhou contornos ainda mais intensos nos últimos dias. Dados recentes divulgados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – USP/ESALQ) apontam que tanto o suíno vivo quanto a carne desvalorizaram nos últimos dias na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea.
A fraca demanda pela carne suína neste período do mês, acentuada pelos preços mais baixos das concorrentes, reduziram o interesse da indústria em adquirir animais para abate. Além disso, alguns colaboradores do Cepea atribuem a queda de preços do vivo também à maior oferta de animais. A crise não está centrada apenas na região Sul.
Na região de Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba, houve queda de 6,2% entre 24 e 31 de maio, com o quilo do suíno vivo posto no frigorífico a R$ 2,19/kg nessa quinta-feira, 31. O Indicador do Rio Grande do Sul apresentou a variação negativa de 1,0%, a R$ 1,92/kg, na última quinta. Em Santa Catarina, o quilo do vivo foi negociado a R$1,98 tendo uma leve desvalorização de 0,5%.
A crise da suinocultura que chegou ao plenário do Senado é um sinal de que as demandas do setor precisam ser atendidas, por esse motivo a ABCS junto a Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS) e suas entidades regionais estão mobilizando suinocultores para um ato público, como um manifesto reivindicando melhores condições para produzir e preço justo ao produtor de suínos.