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Superação

Crise de abastecimento do milho deve fortalecer a cadeia de aves e suínos

Na safra 2014/2015, o Brasil importou 316,1 mil toneladas de milho e, na temporada atual, a Conab prevê 1,5 milhão de toneladas

Crise de abastecimento do milho deve fortalecer a cadeia de aves e suínos

A escassez de milho que prejudicou os criadores de aves e suínos e as agroindústrias nos últimos meses pode resultar em mudanças positivas para o setor. Isso porque é possível que depois da crise as pontas da cadeia produtiva fiquem mais próximas.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) está colocando em prática alguma ações para viabilizar essa aproximação e defende uma mudança para evitar novas crises no setor. “Nós estamos tentando vender a ideia de que o produtor brasileiro tem que ficar fidelizado à agroindústria brasileira e exportar o excedente. E a agroindústria brasileira valorizar o produtor e garantir o estímulo”, afirma Francisco Turra, presidente da ABPA. Contra o desabastecimento, a associação também está visitando entidades estaduais, em parceria com o governo federal, para estimular o plantio da safra 2016/2017. Segundo Turra, uma boa safra de milho pode ajudar o setor a garantir um melhor cenário em 2017.

Estoques de grãos

O último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sobre a safra atual mostra que os estoques de milho devem chegar a 4.469 milhões de toneladas, menos da metade do registrado na safra 2014/2015, que totalizou 10.506 milhões de toneladas. “Não estamos nada confortáveis”, afirma Turra. A Conab prevê que as exportações de milho brasileiro alcancem 22 milhões de toneladas nesta temporada.

O estoque final de farelo de soja também vai sofrer redução nesta safra. No ano passado, o Brasil tinha 835,3 mil toneladas. A previsão para a safra 2015/2016 é de 551,3 mil de toneladas. “Com a colheita da safrinha de milho e o leve ‘respiro’ diante das cotações praticadas no cereal, é a vez da soja pesar nos custos e na competitividade dos produtos avícolas e suinícolas do Brasil”, diz o presidente da ABPA.

Crise do milho

De acordo com a Abpa, o lado positivo é que o preço interno do milho em altos patamares desestimula a exportação, porque o produtor brasileiro vai preferir vender o milho no mercado interno. Segundo Turra, o preço médio da saca de milho exportada ficou em R$ 32 e, no período de escassez, o setor de aves e suínos chegou a pagar R$ 65 por saca. “Para não passar um vexame maior, nós tivemos que utilizar uma quantidade importada [de milho] e trigo de qualidade inferior para que plantéis inteiros não tivessem dificuldade de alimentação”, disse Turra.

Com os níveis de consumo impactados e o custo de produção atingindo altos patamares, o setor encontrou um “alívio” nas exportações. “A crise pegou mesmo e, se a gente não tivesse puxado [as vendas] mais para fora, teria sido muito complicado. Seria um desastre e as empresas teriam que leiloar carne”, afirma o presidente da ABPA.

Importação de insumos

Embora o plano seja estreitar os laços com o produtor brasileiro de grãos, a importação não está descartada. Segundo Ricardo Santin, vice-presidente da ABPA, todas as alternativas disponíveis serão usadas quando necessárias. “Nós não vamos deixar de importar da Argentina para prestigiar o Brasil, que vende [a saca] por R$ 60 e a Argentina por R$ 40”, diz Santin. “O que a gente quer é harmonia nessa cadeia.”

Na safra 2014/2015, o Brasil importou 316,1 mil toneladas de milho. Na temporada atual, a Conab prevê a importação de 1,5 milhão de toneladas. Segundo Turra, o Brasil tem todas as condições de abastecer o mercado interno com milho e soja e exportar o excedente.