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Economia

Crise diminui venda de certificado de carbono

Empresas brasileiras estão à espera de que preços da tonelada, atualmente em 13 euros, se recuperem para venda.

A queda da cotação do crédito de carbono, causada pela crise financeira mundial, fez com que as empresas brasileiras segurassem suas vendas de certificados, esperando uma recuperação dos preços. Segundo Rainer Schröer, coordenador da GTZ, companhia contratada pelo governo alemão para intermediar a cooperação entre os dois países para o desenvolvimento de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), as empresas alemãs já percebem uma retração das vendas de certificados no Brasil. “Quem tem crédito e não depende do recurso hoje não está vendendo para esperar o que vai acontecer no mercado”, diz.

O preço da tonelada de carbono, que já chegou ao nível de € 25 euros no meio do ano passado, caiu para cerca de € 8 euros no começo do ano e hoje está em torno de € 13 euros. A expectativa é de que uma retomada da produção industrial nos países desenvolvidos até o fim do ano recupere ainda mais essa cotação.

Antes do agravamento da crise financeira em outubro do ano passado, Schröer conta que eles possuíam um conjunto de 63 projetos no Brasil dispostos a vender crédito de carbono a empresas alemãs. Hoje esse número caiu para 25. “O mercado que nos resta é o da China, que está vendendo a preço de mercado, mas temos interesse de incrementar o negócio com o Brasil, pois acreditamos que o país tem projetos de melhor qualidade”, diz.

A participação das empresas alemãs no mercado de crédito de carbono brasileiro é de 2%. “O governo da Alemanha considera que esse percentual é muito baixo”, diz Schröer. O coordenador da GTZ diz que a aposta é de que essa redução de vendas de crédito de carbono no Brasil seja momentânea, e por isso a Alemanha continua enxergando um grande espaço para o desenvolvimento de projetos de MDL em território brasileiro.

Segundo um levantamento elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em conjunto com a Unicamp, há um potencial de redução de 25,7% do consumo de energia na produção industrial no Brasil. O estudo avaliou o desempenho de 14 setores em comparação ao que é praticado no mundo. Segundo Rodrigo Garcia, coordenador da pesquisa da CNI, isso mostra a oportunidade de investimento em projetos que podem se enquadrar nas regras do MDL. “Quando se fala de projetos de redução do consumo de energia, fala-se diretamente de projetos de redução de emissão de gases de efeito estufa, são dois assuntos interligados”, diz. O estudo mostra que 75% do potencial de eficiência energética da indústria brasileira está relacionada ao consumo de combustíveis.

Entre os setores que mais têm espaço para reduzir seu uso de energia estão o cerâmico (43,6%), o siderúrgico (32,8%), o de cimento (32,6%), o de cal (28,4%), o químico (25,2%) e o de papel e celulose (19,3%). Neste último caso, calcula-se que apenas a reutilização do gás eliminado pela produção na geração de energia poderia evitar a emissão de 1,7 milhão de toneladas de CO2 equivalente. As fabricantes de papel e celulose Klabin e a VCP são exemplo de empresas que já têm experiência com projetos de MDL, mas as duas não possuem crédito para vender hoje. Segundo representantes das empresas, porém, o preço cobrado no mercado agora, de € 13,8 euros, não impediria a comercialização.