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Exportação

Crise europeia afeta exportações do agronegócio

Mesmo com preços elevados, a receita obtida até setembro teve queda de 0,10%; em contrapartida, alta demanda mundial por milho impulsiona exportação do grão.

Crise europeia afeta exportações do agronegócio

A crise financeira que assola o mercado europeu já começa a impactar a comercialização dos produtos brasileiros. Diante da redução da demanda da Europa por alimentos, a receita das exportações do agronegócio paranaense realizadas entre janeiro e setembro apresentou ligeira queda de 0,10% em comparação ao mesmo período do ano passado. Os dados da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio (SRI) do Ministério da Agricultura (Mapa) mostram que o total exportado nos primeiros meses do ano chegou a US$ 9,77 bilhões.

A economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Gilda Bozza, afirma que a maior retração das aquisições ocorreu com os complexos carnes e soja (farelo, óleo bruto e refinado). ”Mesmo com os preços elevados das commodities, a redução do volume comercializado foi significativa”, esclarece. No período em análise, o complexo soja sofreu redução de 3,5% na receita, passando de US$ 4,73 bilhões para US$ 4,56 bilhões. Mas as exportações de soja em grão, via Porto de Paranaguá cresceram 9,7% no período, com aumento no preço médio do preço de 6%. Entre os itens que apresentaram recuo, a receita obtida com as vendas de farelo de soja somou US$ 1,04 bilhão e com óleo bruto US$ 474 milhões. No caso do óleo refinado, a diminuição foi de 23%, caindo de US$ 88 milhões para US$ 67 milhões.

O agregado carnes aponta um decréscimo nas exportações, passando de US$ 1,72 bilhão para US$ 1,71 bilhão. A única carne que apresentou aumento nas vendas foi a de frango, que passou de US$ 1,36 bilhão para US$ 1,39 bilhão no período, incremento de 1,6%. As exportações de carne suína indicaram queda de 11%, passando de US$ 100 milhões para US$ 89 milhões. Nas exportações de carne bovina a receita obtida foi menor em 17%, caindo de US$ 43 milhões para US$ 36 milhões. ”Além da crise europeia, o embargo russo também se mantém como importante fator negativo nas exportações de carnes”, argumenta a economista.

O agregado sucroenergético registrou exportações de US$ 870 milhões contra US$ 1,21 bilhão em igual período de 2011 (queda de 28,5%). Em contrapartida, o milho e os produtos florestais apresentaram elevação nas vendas e são os principais responsáveis pela manutenção da balança comercial do agronegócio paranaense. Celulose, papel e madeira tiveram incremento de 6% na receita gerada, que totalizou US$ 935 milhões.

A economista da Faep explica que a alta demanda mundial por milho e a recente autorização do mercado europeu para aquisição de milho transgênico impulsionaram as vendas do grão. As exportações de milho via Porto de Paranaguá totalizaram US$ 545 milhões entre janeiro e setembro, com volume embarcado de 2,12 milhões de toneladas. As exportações brasileiras do grão geraram receita de US$ 2,45 bilhões e um volume de 9,4 milhões de toneladas. ”A expectativa é de que as exportações sigam em ritmo mais lento até o final do ano, de acordo com a tradição do mercado para essa época do ano. A excessão é o milho, que tem tendência de alta para atender a demanda internacional”, analisa Gilda. Segundo ela, o Brasil deve exportar 17 milhões de toneladas de milho este ano.

A participação do agronegócio nas exportações totais do Paraná é de 73%. No total, o Estado exportou, no acumulado de janeiro a setembro de 2012, US$ 13,35 bilhões, um acréscimo de 1,2% em comparação ao mesmo período do ano passado. Gilda explica que a desvalorização do dólar favoreceu as importações e contribuiu para que o saldo da balança comercial paranaense ficasse deficitário em US$ 1,05 bilhão. É o que mostram os dados da Secretaria do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do MDIC.