Redação (26/09/2008)- Os artigos, assinados pelo correspondente do jornal em São Paulo, afirmam que a crise pode funcionar como um controle para o crescimento econômico cujo vigor vinha criando pressões inflacionárias.
Diferentemente de outras épocas, o país está mais preparado para enfrentar as turbulências, dizem as reportagens, que no entanto alertam para os fatores –domésticos– com potencial de criar problemas no futuro.
"Desta vez é diferente. Pelo menos até agora", diz a reportagem "Brasil espera um resfriado leve, mas nada sério", publicada na versão impressa do diário financeiro britânico.
O título faz referência ao tradicional dito segundo o qual "quando os mercados financeiros americanos espirram, a América Latina pega uma gripe".
A matéria diz que, embora não tenha conseguido se descolar do resto do mundo, o Brasil está otimista em que seu nível de reservas –em torno de US$ 200 bilhões– seja capaz de conter uma turbulenta saída de capitais como a que se seguiu à crise asiática em 1997 e a crise da Rússia em 1998.
"Mais que isso, a crise de crédito pode ter vindo em boa hora, num momento em que a atividade econômica apresenta indicadores que apontam para uma curva de superaquecimento. Assim, a crise, potencialmente, pode ajudar o país a desaquecer sua economia sem derrubar o crescimento abaixo do potencial do país", escreve o "FT".
Economistas ouvidos pelo jornal crêem que o aumento do PIB passe de 5,4% este ano para 3,5% no ano que vem bem melhor que o 1% estimado para o resto do mundo, mas capaz de trazer a inflação, que já superou os 6% ao ano, para o centro da meta de 4,5%.
Com isso, o Banco Central também poderia rever a quantidade de vezes em que deve aplicar um aumento de juros, diz o jornal.
Mas o "FT" também faz um alerta para o futuro, afirmando que "preocupações antigas permanecem e podem interferir no [curso da economia do] Brasil". A principal delas é o gasto do governo, capaz de gerar demanda e assim criar novas pressões inflacionárias.
Com o governo usando os gastos como motor do crescimento, "o papel da política fiscal, que continua sendo altamente expansionista, tem sido ignorado", diz o diário britânico, na reportagem "Confiança do Brasil acumula problemas para o futuro", publicada em sua versão online.
Um economista citado na matéria afirma que, mesmo com o BC aplicando arrochos monetários para frear o aumento dos preços, "no final, as expectativas de inflação a longo prazo são determinadas pela política fiscal, não pela política monetária".