A crise que afeta dramaticamente a suinocultura brasileira ameaça fechar centenas de granjas, atingindo diretamente os cerca de 1 milhão de brasileiros que trabalham no setor. O assunto será debatido amanhã, 29, em sessão específica da Comissão de Agricultura da Câmara, na qual o Presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, vai quantificar o impacto sócio-econômico da crise que se abate sobre cerca de mil municípios de todo o país e apontar um rol de soluções.
“O Brasil não pode permitir a destruição de parte importante da estrutura produtiva da suinocultura, já que é a mesma da qual iremos precisar para atender ao aumento da demanda anunciado recentemente pela FAO”, comentou Marcelo Lopes. “Está faltando visão estratégica”, comentou o Presidente da ABCS, para quem “estamos escrevendo a crônica da crise anunciada, pois um país que destina 60% de suas exportações de carne suína unicamente para dois consumidores (Rússia e Hong Kong) mais dia, menos dia, acaba refém dos compradores”.
Para o presidente da entidade a situação exige uma agressiva resposta do governo visando priorizar a abertura de novos mercados para a carne suína. “Temos tecnologia e condições competitivas de produção”, disse, acrescentando “pode existir países que produzam com qualidade igual ao Brasil, mas não melhor”. Para Marcelo, é na hora da dificuldade que precisamos transformar a crise em oportunidade: “o governo pode e deve colocar a abertura de novos mercados como condição estratégica para fechar parcerias comerciais com os países que hoje criam barreiras comerciais injustificáveis para nossos produtos”.
Política interna
Marcelo Lopes acredita que políticas estruturantes são indispensáveis para que a suinocultura não se coloque novamente como refém de situação tão delicada. Mas, afirmou, “algumas coisas precisam ser feitas de forma emergencial para contornar os efeitos da crise que podem tirar do mercado centenas de granjas, provocar desemprego e afetar a economia de dezenas de municípios”. Ele relacionou aos parlamentares as ações que “precisam ser adotadas com a máxima urgência”:
1) Definição de uma política de abastecimento de milho para a suinocultura nacional.
2) Política de Preço Mínimo para o suíno em nível nacional
4) Tramitação do Projeto de Lei 8023/2010, que vai oferecer o ordenamento jurídico e estabelecer parâmetro para o sistema de agroindústria.
A reunião na Comissão de Agricultura da Câmara, para o Presidente da ABCS, é uma oportunidade para o setor demonstrar sua importância social e econômica. E apresenta uma radiografia dos empregos ligados direta ou indiretamente à produção de carne suína no Brasil:
Empregos na cadeia produtiva brasileira
• 60 mil granjas
• 240 mil membros das famílias produtoras no campo
• 230 mil empregos nas granjas
• 150 mil empregos na indústria de insumos e serviços
• 120 mil empregos na indústria de transformação
• 160 mil empregos na comercialização
Por fim, Marcelo Lopes salientou as conclusões do estudo realizado pela FAO e pela OCDE, divulgados na semana passada, segundo os quais a demanda por alimentos vai crescer consideravelmente até 2020, em função do processo de inclusão social promovido na América Latina, Europa Oriental e Ásia. “E o estudo aponta claramente que o Brasil é um dos poucos países capacitados para atender aquela demanda, mas não é destruindo o parque produtivo da suinocultura brasileira que vamos chegar lá”, concluiu.