Toda economia tem seus altos e baixos. Momentos de lucratividade ou de cautela. Na suinocultura esse cenário é freqüente, mas o lado negativo da moeda está mais pesado e puxando para baixo a esperança da continuidade. “Na prática, a crise está se agravando e isso nos deixa cada vez mais chateado, pois produzimos alimentos e não somos remunerados por tanto esforço. Pensamos em parar com a atividade. A suinocultura já envolve as questões sentimentais, como a família, não conseguimos mais suportar”, destaca o suinocultor de Granja de Material Genético, Oraldi Martelli.
Só quem é produtor para entender e sentir os reais efeitos da crise que resiste em pleno momento que deveria ser de recuperação de preços. “As justificativas indicavam dificuldade nas exportações, mas conforme o mercado eram apenas constatações impostas, criadas por segmentos que preferem ver a suinocultura assim, é decepcionante saber que o mercado externo vai bem, o interno segue firme e o produtor cada vez pior”, acrescenta o presidente da ACCS, Losivanio Luiz de Lorenzi.
Dados do Cepea revelam que houve desvalorizações no mercado suinícola, movimento de queda diferente do mesmo período de 2011. E segundo a Abipecs as exportações de carne suína aumentaram 6,93% em março e 3,45% no acumulado do ano. Dados que apontam o real motivo para a crise na base da atividade, a produção em excesso causada pelo aumento desordenado da produção. “É fato que há muita carne no mercado e o crescimento da produção segue significativo, todos têm parcelas de culpa, por um lado o incentivo das grandes empresas ou cooperativas, e de outro, os produtores que não sabem mais o que fazer para se manter”, completa Lorenzi.
E assim que as notícias avançam, a situação piora ainda mais. “Desistir, parar de imediato? Sim pensamos, mas precisamos respeitar a programação dentro da propriedade, e isso nos preocupa, pois precisamos manter por um período. Por isso, nós, produtores estamos tentando segurar as pontas para permanecer vivos por um tempo”, acrescenta Martelli.
Mas se os governos abrissem suas portas e ajudassem a produção, que é a base do agronegócio em Santa Catarina e no país? O que pode ser feito? “Os dados revelam que o Sul do Brasil, por exemplo, teria condições de sustentar a atividade através do controle e dos insumos, com um Programa Político nosso problema teria uma breve solução. Mas quando se fala em buscar apoio político em nosso país ai a situação fica difícil”, pontua Martelli.
Neste momento os produtores independentes estão tentando manter o preço base e valorizar a produção. Exemplo visto pelas minintegradoras. Mas mesmo assim, a ACCS acredita que pode ser tarde demais. “Mais um ano de instabilidade no setor, em que inúmeros produtores irão deixar a atividade e levar com eles uma dívida pesada, contraída em mais um ano de dificuldades”, finaliza Lorenzi.