Redação (05/03/2009) – Os industriais argentinos consideram que o Brasil está injustamente promovendo conflitos regionais que só agravam o impacto da crise global. Essa é a mensagem de um comunicado à imprensa divulgado pela União Industrial Argentina (UIA), no qual a entidade marca posição diante da troca de acusações de protecionismo entre os dois principais sócios do Mercosul. Na segunda-feira, o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, disse que as barreiras argentinas aos produtos importados atingiram 10% das exportações brasileiras. O Secretário de Relações Econômicas Internacionais da chancelaria argentina, Alfredo Chiaradia, disse que esse percentual é bem menor, apenas 4,5%.
A polêmica foi levantada uma semana antes da reunião do comitê de monitoramento do comércio bilateral, dia 12 em Buenos Aires, e de um encontro entre empresários dos dois países, organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), dia 20, em São Paulo. O encontro terá a presença dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner.
As relações entre os dois países estão abaladas pela queda de quase 50% do comércio desde dezembro. Para defender-se de uma suposta enxurrada de produtos importados, a Argentina levantou diversas barreiras a produtos vindos do exterior, inclusive do Brasil.
Em meio à polêmica, a UIA divulgou o comunicado em que reitera o respaldo das indústrias às medidas tomadas pelo governo argentino (ampliação dos produtos sujeitos a licenciamento não-automático e agilização dos processos antidumping). Também lembra que a Argentina apresenta déficit estrutural com o Brasil, que atingiu US$ 4,347 bilhões em 2008, sendo US$ 7,714 bilhões em manufaturados de origem industrial.
"Chama a atenção que uma economia da dimensão do Brasil esteja orientando esforços de política comercial em direção a um sócio, cujo resultado bilateral lhe é favorável – como vem ocorrendo por anos com todos os membros do Mercosul – quando mais de 90% de suas exportações são colocadas no resto do mundo e se constituem no problema comercial real do país vizinho", afirma a UIA.