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Custo da safra sobe 4 vezes mais que inflação

<p>Os números têm como base os novos valores dos custos de produção divulgados pela Conab.</p>

Redação (03/09/2008) – Se na última década o cenário econômico no Brasil foi marcado pela estabilização da inflação, a evolução dos custos de produção das principais culturas cultivadas no País nos últimos 10 anos mostra que para o agricultor a situação não foi a mesma.

Enquanto o Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M), divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), acumulou 50,98% entre agosto de 1998 e agosto de 2008, a inflação no campo ultrapassou a marca dos 200% para algumas culturas: feijão sequeiro (246,79% em Campo Mourão/PR), soja (234,13% em Primavera do Leste/MT), algodão (230,10% em Sorriso/MT), trigo (214,23% em Toledo/PR), milho (177,15% em Primavera do Leste/MT) e arroz sequeiro (156,31% em Sorriso/MT). Os números têm como base os novos valores dos custos de produção divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na última semana.

De acordo com o gerente de custos de produção da entidade, Asdrúbal Jacobina, o aumento nos gastos do produtor se acentuou ainda mais na última safra. "Com a alta das commodities houve também o aumento das sementes, que não é na mesma proporção, mas também ocorre. Já no caso dos fertilizantes o aumento foi substancial", avaliou. Em média, os gastos com a utilização de fertilizantes respondem por cerca de 40% do custo total da safra atual. O alto índice já está mudando os padrões da agricultura nacional. Segundo pesquisa feita pela Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja), até ontem, 65% dos produtores da região tinham a intenção de reduzir a quantidade de adubo nessa safra.

Tomando como base as mesmas cidades produtoras já citadas na matéria o custo de produção da safra que será colhida neste semestre é de: algodão (R$ 4.804.62 por hectare), feijão (R$ 2.460,81/ha), milho (R$ 2.022,90/ha), arroz (R$ 1995,45/ha), soja (R$ 1878,08/ha) e trigo (R$ 1.449,11/ha).

O pacote tecnológico, que inclui a utilização de sementes geneticamente modificadas e seus respectivos insumos, adotado por boa parte dos produtores também contribuiu para o aumento dos gastos. "Enquanto a maior parte dos agrotóxicos registraram queda nos preços aqueles com base em glifosato tiveram uma forte elevação no último ano", disse Jacobina.

De forma geral, os agroquímicos que no passado já responderam por altas fatias dos custos de produção hoje não representam mais uma ameaça à margem do produtor. Agora o agricultor busca alternativas para reverter também o aumento dos custos fertilizantes.

"Assim como fizemos com os agroquímicos, por meio do CCAB [Consórcio Cooperativo Agropecuário Brasileiro], quando nossa entrada no mercado fez a concorrência baixar os preços até 30%, vamos atuar no mercado de fertilizantes também", afirmou o presidente da Aprosoja, Glauber Silveira. A entidade já iniciou as prospecções de fósforo.

Temporariamente os produtores também poderão comemorar a inclusão do fosfato bicálcico, ácido fosfórico e do ácido sulfúrico na lista de exceção da Tarifa Externa Comum (TEC). "estes produtos servem de matéria-prima para a fabricação da suplementação mineral da alimentação animal, cujos preços em alta vêm contribuindo significativamente para o aumento dos custos da produção agropecuária", disse Rodrigo Alvin, da Confederação Nacional de Agricultura (CNA).