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Agricultura

Defensivos em destaque

Brasil deve passar os EUA em venda de defensivos agrícolas. Indústria refaz estimativas e projeta receita com agrotóxicos superior a US$ 8 bilhões neste ano.

O Brasil deve ultrapassar os Estados Unidos e se tornar o maior mercado mundial de agrotóxicos ainda em 2011, com vendas superiores a US$ 8 bilhões. Com o bom desempenho das vendas do insumo no primeiro semestre e a forte alta nos preços das principais commodities, o setor reviu suas estimativas e espera uma crescimento de até 10% na receita com as vendas.

Isso significa que o mercado pode crescer duas vezes mais do que se previa no início do ano. As projeções iniciais do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag) indicavam uma expansão de 4,5%, ritmo compatível com o crescimento então esperado para a economia brasileira.

Nesse cenário, o país provavelmente continuaria em segundo lugar no ranking global. Mas Eduardo Daher, diretor-executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), que congrega apenas os grandes players globais, como Monsanto, Bayer, Basf, DuPont e Syngenta, não tem dúvidas. “Se ainda não é, o Brasil será o maior mercado de agroquímicos do mundo até o fim de 2011”, prevê. Estima-se que mercado americano tenha movimentado US$ 7,8 bilhões em 2010. Segundo a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), esse número caiu 4,8% entre 1998, quando foi recorde, e 2007, último ano da série. Em 2010, as vendas no Brasil atingiram US$ 7,3 bilhões, com crescimento de 9%.

Os EUA cultivam uma área 50% maior e ostentam uma produção de grãos que supera em três vezes e meia a brasileira. Daher rejeita a comparação e o título de “campeão mundial no uso de agrotóxicos”, associado ao uso indiscriminado desses produtos. De posse de um estudo publicado recentemente pela consultoria Kleffmann, ele afirma que as vendas cresceram apenas 1,5% entre 2004 e 2009, quando analisada a receita por tonelada de alimento produzido.

Sob essa ótica, o consumo no Brasil teria crescido menos que em países como França (28,6%) e Japão (19,34%). Os americanos, em compensação, reduziram seu uso em 6% neste período, ainda de acordo com o critério adotado pela Kleffmann. Daher pondera que americanos estão bastante à frente no uso de sementes transgênicas que, em alguns casos, dispensam o uso de agrotóxicos. E observa que o Brasil, por suas características climáticas, tem uma maior propensão ao uso de agroquímicos. “O bônus de ser um país tropical é que você planta duas, até três safras por ano. O ônus é que você tem uma incidência muito maior de pragas”.

“Só as vendas de fungicidas para combater a ferrugem asiática da soja, doença inexistente nas lavouras dos EUA, movimenta US$ 1 bilhão no Brasil”, estima José Roberto Da Ros, presidente do Sindag.

A participação do fungicidas nesse mercado mais que dobrou desde 2004, quando a ferrugem da soja tornou-se um problema sério no Brasil. Não à toa, em 2010, mais de 44% das vendas foram destinadas ao trato da soja. O algodão, cuja área plantada cresceu mais de 60% na última safra, é a segunda lavoura mais importante, com 11% de participação na receita desta indústria. Segundo Daher, a expansão do algodão explica o crescimento de mais de 30% nas vendas de inseticidas neste ano.

Outro fator relevante é o aumento do poder de compra dos produtores, reflexo da alta das commodities e da redução nos preços de alguns defensivos. Em 2009, por exemplo, um sojicultor pagava o equivalente a 2,5 sacas do grão para cada cinco litros do herbicida glifosato, segundo dados do Instituto de Economia Agrícola de São Paulo (IEA). Em janeiro deste ano, gastava apenas uma.