O mercado de defensivos agrícolas fechou o ano de 2009 com vendas totais de 12, 878 bilhões de reais, crescimento de apenas 1% em relação ao ano anterior. Este pequeno aumento no faturamento se deu de forma única na classe dos fungicidas, com aumento de (16,9%), notadamente pelo maior uso de tecnologia no tratamento preventivo da ferrugem asiática na cultura da soja, ocasionada principalmente pelo tempo chuvoso e quente, propício ao aparecimento de doenças fúngicas. Principalmente os herbicidas perderam espaço, onde o mais sacrificado produto em 2009 foi o glifosato, um dissecante total que contou com o aumento da competição a partir de importantes volumes vindos da China e alternativas tidas com criativas, de produto industrializado na Argentina.
Se a análise for realizada em dólares, a estimativa é de que tenha havido queda de 8%, reduzindo de 7,125 bilhões de dólares em 2008 para 6,559 bilhões de dólares em 2009. O grande fator foi a variação cambial, que também impactou na redução dos preços reais dos defensivos, ótimo para os agricultores que já começaram a colher a safra no Centro Oeste com excelentes resultados em produtividade e margem. Os baixos preços contribuíram com os agricultores e seguramente trarão más notícias para muitas empresas internacionais e brasileiras de agrotóxicos, assunto abordado em outra matéria deste portal ainda no dia de hoje. Os relatórios em dólar – menores – terão a compreensão dos investidores, afinal a economia mundial foi mais impactada que a agricultura.
Há surpreendente equilíbrio de venda entre as classes, seguramente patrocinado pela queda de até 40% dos preços de glifosato, o mais consumido defensivo agrícola do Brasil. Assim herbicidas com 39,1 %, inseticidas com 28,4%, e fungicidas 27,15 % mostram uma rara situação de proporcionalidade única na agricultura dos grandes países.
De acordo com Ivan Amancio Sampaio, gerente de informação do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola – SINDAG, no geral o mercado manteve-se nos mesmos níveis de 2008 – em reais – com pequeno acréscimo das vendas em volume, favorecido pela queda de preços, com predominância dos estados de Mato Grosso, Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul e Goiás. Em volume físico, possivelmente se possa ter comercializado volume maior em 2009.
Ao experiente gerente SINDAG chama a atenção a mudança realmente importante no perfil das vendas por culturas, onde com herbicidas, os maiores crescimentos foram em produtos para milho safrinha, soja, cana-de-açúcar, milho safra, algodão, arroz e pastagens. Também houve aumento para feijão, batata, trigo, café e tratamento de sementes. Nos inseticidas também predomina a cultura da soja, seguida pela do milho, algodão, cana-de-açúcar e tratamento de sementes. Os acaricidas apresentaram vendas de 90% para a citricultura, porém é classe que representa 1,5% das vendas gerais. O mercado de fungicidas teve em torno de 55% de suas vendas destinadas à cultura da soja, onde afora o conhecido consumo, houve acréscimo importante do uso preventivo de produto. As tecnificadas lavouras de algodão, cana-de-açúcar e fumo onde além de inseticidas, mais se utilizam antibrotantes/reguladores de crescimento.
Embora seja muito cedo, a previsão de Sampaio, para este ano é de aumento entre 5 a 10% nas vendas, impulsionadas pela soja, que é a cultura que mais utiliza defensivos extensivamente, vindos a seguir cana de açúcar, em função dos bons preços do açúcar no mercado internacional, pelo algodão que apresenta boa perspectiva de aumento de preço no mercado internacional, além do café.
Um ano de ajustes importante para o seguimento, com muitas empresas mostrando baixas lucros e provavelmente algumas com prejuízos. Oportunamente com a edição dos balanços locais e mundiais, poderemos quantificar a dureza do ano para industria e o benefício que agroquímicos e fertilizantes a preços mais competitivos trouxeram para seus clientes, agricultores sul americanos.