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Mercado Interno

Deficiências de energia abalam a agricultura catarinense

Nos últimos anos, a base produtiva de Santa Catarina vem sofrendo com a deficiência no fornecimento de energia elétrica.

Santa Catarina mantém, em cerca de 200 mil estabelecimentos rurais, plantéis permanentes formados por 150 milhões de frangos e 7,5 milhões de suínos. Nos últimos anos, essa base produtiva vem sofrendo com a deficiência no fornecimento de energia elétrica, de acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina – FAESC.

A má qualidade da energia elétrica na zona rural e o preço cobrado pelo consumo encarecem a produção, especialmente em relação a energia utilizada em armazenagem de grãos, FUMO, resfriamento de leite e criatórios automatizados para aves e suínos, assinala o presidente FAESC, José Zeferino Pedrozo.

Os criadores de aves e os produtores de fumo são os mais prejudicados. Em face da escassez de mão de obra na área rural e da otimização dos processos produtivos, está ocorrendo crescente emprego da automação nos aviários, com equipamentos automáticos de climatização em criatórios hermeticamente fechados. Mesmo dilema ocorre na fumicultura, com o uso de estufas para a secagem das folhas, obedecendo ao padrão de qualidade exigido pelas fumageiras.

As frequentes oscilações de tensão e as quedas no fornecimento têm causado sérios prejuízos, com perda de equipamentos e produção. Com a climatização sem funcionar, as temperaturas próximas ou superiores a 40 graus causam a mortandade de plantéis e inviabilizam a comercialização do tabaco, uma vez que o processo de secagem é interrompido. Muitos desses casos resultaram em ações indenizatórias que tramitam na justiça, gerando um passivo anual de cerca de 6 milhões de reais, apenas com prejuízos na fumicultura do planalto norte catarinense.

Pedrozo observa que, além do suprimento de energia elétrica, o problema se concentra na qualidade das redes de distribuição. Os maiores percalços à produção, na zona rural, situam-se nas propriedades rurais localizadas nas pontas das redes. “As quedas constantes da energia causam a queima e a perda de equipamentos, paralisando a produção”, relata.

A FAESC calcula o prejuízo de ativos biológicos em pelo menos 30 mil aves perdidas, por semana, em razão desse problema. O presidente adverte que, além da perda econômica para os fumicultores e avicultores, além das indústrias, a mortandade frequente de aves e o calor excessivo trazem riscos de ordem sanitária.

“A sociedade, em geral, desconhece os transtornos do setor produtivo, mas, na verdade, produtores rurais e industriais estão entrando no vermelho e não há perspectiva de solução nesse  verão”, observa. Os produtores rurais catarinenses têm muitas queixas em relação ao suprimento de energia elétrica nas vastas regiões agrícolas “porque está se tornando um pesado custo adicional”.

Pedrozo mostra que a avicultura e a suinocultura catarinense, como grandes cadeias produtivas, estão perdendo competitividade em razão de várias condicionantes: a escassez do principal insumo, o milho; as deficiências logísticas de transporte, a falta de mão de obra e os incentivos fiscais oferecidos por outros Estados, como Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Os produtores e empresários rurais reivindicam, por exemplo, a utilização do ICMS que eles pagam nas faturas de energia elétrica consumida nos estabelecimentos rurais, como crédito para compra de insumos. Essa faculdade foi criada em vários Estados, como o Paraná, contribuindo, assim, para a redução de custos na produção de alimentos, como grãos, leite, carne (aves, suínos e bovinos), ovos, frutas e hortigranjeiros.

Diante desses problemas, o dirigente defende uma política de abastecimento de energia elétrica para as áreas agrícolas orientada para baixar custos, viabilizar as atividades agrícolas e pecuárias,  manter as famílias rurais no campo e aumentar a produção e a produtividade.