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Demanda européia por carne brasileira tende a crescer

<p>Atualmente, o País representa 70% de todas as compras de carnes da UE. O número deve atingir 80%.</p>

Redação (09/11/2007)- A participação do Brasil nas vendas de carne para UE pode subir para 80%, avalia ministério. A demanda da União Européia por produtos agrícolas brasileiros, principalmente por carne bovina, tende a aumentar nos próximos anos. Os produtores rurais europeus estão reduzindo a produção por conta da reforma política integrada do bloco, realizada em 2003, que propôs a redução dos subsídios – segundo o diretor-geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), André Nassar. "Eles devem a aumentar as compras principalmente de carne bovina, pois a produção local está caindo", disse.

O diretor do Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po), o brasileiro Alfredo Valadão, disse em seu escritório em Paris, que o Brasil nunca vendeu tanta carne para o bloco europeu como agora, por causa da demanda crescente. O foco de febre aftosa em Mato Grosso do Sul, em outubro de 2005, afetou as vendas de alguns estados brasileiros, que permanecem com o embargo imposto pelo bloco.

O Ministério da Agricultura do Brasil concorda com a informação. O coordenador-geral de assuntos multilaterais do órgão, Luiz Claudio Carmona, avalia que a participação do Brasil – que representa hoje 70% de todas as compras de carnes bovina e de aves da União Européia – pode chegar a 80% nos próximos anos. A estimativa mais pessimista do governo brasileiro é de manter em 70% a fatia do País no bolo das vendas de carne para aqueles países.

"Mas o aumento da participação depende de vários fatores. Por exemplo, se houver mais casos de febre aftosa no Brasil pode inibir as nossas exportações. Porém, se houver aftosa em países concorrentes, como a Argentina, isso pode incentivar ainda mais as nossas vendas", disse Carmona.

O coordenador do ministério acrescenta que o "remanejamento" da política agrícola da União Européia influenciou a redução da produção do rebanho. "Eles substituíram a política que visava a garantia de preços mínimos por uma quantia paga diretamente ao produtor, o que fez que muitos agricultores saíssem de atividades menos competitivas", explica Carmona.

Há anos o bloco europeu vem comprando carne bovina do Brasil acima das quotas permitidas – hoje em apenas cinco mil quilos – seja pela baixa oferta local ou pela redução da área agrícola. Mas, a União Européia impõe barreiras para os excedentes, com tarifas de 76,9% a 146,3%, segundo Carmona. Até os cinco mil quilos, tarifa é de 20%. "Mesmo com tarifas altas (barreiras) as exportações para a União Européia são rentáveis para a indústria de carne brasileira", disse.

Para Nassar, diretor do Icone, os produtores rurais da União Européia além de enfrentarem os problemas com a falta de terras para a criação do rebanho, eles sofrem também com a carência de ração, como o milho, para alimentar as aves.

Já a fonte do ministério, Carmona, disse que o Brasil é um dos poucos países com capacidade de aumentar a oferta e atender a demanda crescente por carne bovina da União Européia. A "doença vaca louca" é um problema enfrentado por concorrentes do Brasil. A Irlanda, que vinha pressionando a União Européia para embargar a carne brasileira – alegando problemas sanitários – identificou focos da doença nos últimos dias.