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Demanda por fertilizantes faz emergir novos exportadores

<p>De janeiro a junho de 2008, o Brasil comprou 239,02 mil toneladas desse produto da China e 185,18 mil toneladas da Rússia.</p>

Redação (28/08/2008)- As importações de fertilizantes de origem chinesa subiram quase 700% no acumulado do ano e superam a compra de adubo e fertilizante, com nitrogênio e fósforo, da Rússia. De janeiro a junho de 2008, o Brasil comprou 239,02 mil toneladas desse produto da China e 185,18 mil toneladas da Rússia. No mesmo período do ano passado essa proporção era 47,89 mil toneladas e 145,01 mil toneladas, respectivamente. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Secex/MDCI).

O aumento da demanda também fez surgir novos mercados como Israel, cuja exportação de matéria-prima para produção de fertilizantes no Brasil mais que dobraram. No entanto, junto com a expansão da oferta foi registrado um expressivo aumento do custo. Entre os principais produtos estão: superfosfato a 22% , superfosfato a 45% e cloreto de potássio, com aumento na receita de 232,28%, 167,25%, 136,78%, respectivamente.

Outro mercado em ascensão é o Marrocos, que no acumulado dos sete primeiros meses do ano elevou suas exportações de ácido fosfórico para o Brasil em 407,65%. Nesse período o País importou 243,69 mil toneladas do produto de origem marroquina cuja receita ultrapassou os US$ 200 milhões.

Em 2008, o Egito também despontou como fornecedor potencial de fertilizantes para o Brasil. Matérias-primas que até o ano passado apresentavam traço no quadro da balança comercial entre os dois países hoje figuram entre os principais produtos importados para o País. O fosfato de cálcio, único produto que tem uma base de comparação, aumentou sua participação em 500%, com 107,47 mil toneladas.

Este mês, os ministros da Agricultura, Reinhold Stephanes, e do Comércio e Indústria do Egito, Rachid Mohamed Rachid, assinaram um memorando de entendimento que prevê a cooperação entre os dois países na comercialização de produtos agrícolas. O acordo entre em vigor no próximo dia 1 de setembro e será válido por cinco anos. Na ocasião da assinatura, Stephanes informou que o principal interesse do Brasil é a importação direta de fertilizantes do Egito por meio de grandes cooperativas.

Mercado interno

No acumulado do ano, o Produto Interno Bruto (PIB) dos insumos apresenta taxa de 10,37%, mostrando que mesmo com o aumento dos custos a indústria do setor vai bem. Agora com a entrada da safra, o desafio será o repasse do produto para os agricultores. "Na prática, tais resultados não demonstram ganhos de rentabilidade para o produtor, que aumentou sua produção, mas enfrenta elevação dos preços dos insumos e, conseqüentemente, dos custos de produção", afirmou o superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ricardo Cotta Ferreira.

A pequena margem do produtor frente a valorização do preço dos fertilizantes pode fazer com que a venda desse produto para o comprador final fique aquém do esperado. "Além de sofrer com os altos preços muitos produtores estão sofrendo com a restrição por parte das tradings", disse José Amaral, da Scot Consultoria. O consultor explica que com o recorde das commodities no início do ano, alguns produtores deixaram de honrar contratos de venda antecipada com fornecedores de insumos e as empresas que arcaram com esse prejuízo agora estão temerosas quanto à novas negociações. "Existe ainda a questão da volatilidade dos preços nessa safra que deve fazer com que os produtores adiem as negociações que envolvem a troca de produtos, à espera de preços melhores", destacou Amaral.

Segundo o levantamento de agosto da Scot, os efeitos do custo de produção são cada vez mais sentidos pelos produtores. Os fertilizantes seguem em alta, indo na contramão das cotações dos grãos. Para o supersimples granulado, por exemplo, de julho para agosto o produto subiu 17,86%, passando de R$ 1,400 por tonelada para R$ 1,650 por tonelada. Já a cotação do milho caiu 9,78%, comparado ao mês anterior, sendo cotado em Campinas a R$ 25,65 por saca de 60 quilos, em média. Os altos custos dos fertilizantes é considerado o principal entrave para a safra que se inicia.