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Demandas doméstica e externa sustentam preços do milho

Segundo a INTL FCStone, há possibilidade de novas pressões altistas oriundas, por exemplo, de quebras climáticas.

Demandas doméstica e externa sustentam preços do milho

Os preços domésticos do milho começaram o ano de 2016 em forte alta, mesmo em meio ao contexto de oferta mundial ampla e preços internacionais pressionados. “As exportações brasileiras de milho ganharam força no segundo semestre do ano passado, acompanhando a forte desvalorização do real, que torna o cereal brasileiro mais competitivo internacionalmente”, explica a analista de mercado da INTL FCStone, Ana Luiza Lodi.

Considerando o ano safra entre fevereiro e janeiro para a apuração das exportações, o nível de embarques da safra 2014/15 foi recorde superando 30 milhões de toneladas, segundo dados da Secex. Há, ainda, discussões acerca de atrasos na apuração dos dados oficiais, o que, aliado a embarques elevados em fevereiro deste ano e a uma maior dificuldade em se encontrar milho no mercado interno, sugere volumes exportados ainda maiores, de cerca de 35 milhões de toneladas do grão da safra 2014/15. “Essa situação de exportações muito aquecidas pode ser considerada o fator principal para uma maior demanda pelo cereal brasileiro, que resultaria em estoques menores que os oficias”, destaca Ana Luiza.

Além disso, deve se examinar com cuidado as estimativas de consumo doméstico de milho que são utilizadas na contabilização do estoque final de 10 milhões de toneladas (segundo a Conab). No Brasil, entre 80-85% da demanda de milho se destinam a alimentação animal, com uma vasta produção de carnes, principalmente, de frango, da qual o Brasil é o principal exportador mundial.

Em 2015, as exportações tiveram expansão favorecidos pelo câmbio, ao mesmo tempo que o consumo doméstico de carne de porco e frango tiveram evolução em razão da maior competitividade em relação à carne bovina.

Com aumento das exportações de frango e o consumo per capta, que cresceu mais de 1% em 2015, a INTL FCStone estima que a demanda doméstica de milho tenha sido maior, alcançando cerca de 57,5 milhões de toneladas. Essa demanda interna, aliada a exportações em 35 milhões de toneladas, levaria os estoques finais da safra 2014/15 para um nível bem mais baixo que as 10 milhões e toneladas estimadas pela Confab, ficando em 4,36 milhões de toneladas.

Segundo a analista Ana Luiza, “essa disponibilidade menor de milho encontra outro agravante que é a grande distância entre produtores e consumidores, o que encarece e, muitas vezes, inviabiliza a negociação entre eles, provocando situações de escassez do grão em algumas regiões e elevação de preços”.

Por começar a safra 2015/16 com estoques menores, as perspectivas apontam para um balanço de oferta e demanda bastante restrito, com possibilidade de escassez de produto. Assim, os preços devem continuar fortalecidos, pelo menos até uma melhor definição da “safrinha”, que poderia acabar superando as estimativas inicias da INTL FCStone, em razão do clima.

Apesar de ser factível um alívio dos preços físicos do cereal com a nova safra, o espaço para um recuo é pequeno em razão do aperto no balanço de oferta e demanda. Além disso, há possibilidade de novas pressões altistas oriundas de quebras climáticas ou, eventualmente, do mercado externo”, resume.