Da Redação 20/01/2004 – 07h00 – Os ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Roberto Rodrigues, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, debaterão hoje, em Moscou, com os ministros russos da Agricultura, Alexei V. Gordeev, e de Negócios Estrangeiros, Igor Ivanov, a revisão das cotas de exportação de carnes bovina, suína e de frango do Brasil para a Rússia.
Na pauta de negociações, também estarão o sistema russo de tarifas para importação de açúcar e a agenda da próxima reunião do grupo de trabalho criado pelos dois países para negociar temas ligados ao segmento agropecuário.
Se prevalecerem os critérios estabelecidos pela Rússia, o Brasil terá que disputar com outros fornecedores quotas de exportação de 179,5 mil toneladas para suíno, de 68 mil toneladas para frango e de 68 mil toneladas para bovino.
“A decisão russa de fixar quotas é prejudicial ao agronegócio brasileiro e não condiz com nosso potencial exportador”, disse Rodrigues, antes de viajar. Por isso, ele insistirá na necessidade de que a Rússia reveja seu sistema de quotas de importação do complexo carnes.
No ano passado, as vendas de suínos do Brasil para a Rússia totalizaram 313,9 mil toneladas, o equivalente a US$ 351,6 milhões, segundo a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). Em abril de 2003, porém, o governo russo estabeleceu uma quota global de importação de 450 mil toneladas, sem definição de origem. Para este ano, a Rússia definiu quotas para os Estados Unidos, Europa, Paraguai e para um bloco de outros países – no qual o Brasil foi incluído -, no total de 179,5 mil toneladas.
O governo brasileiro pleiteia uma revisão do sistema de quotas por origem para importação de suínos definido pela Rússia. Outro pleito é a revisão das quotas fixadas para a importação de carne de frango, que tiveram como base de cálculo as vendas brasileiras desse produto no período de 1999 a 2001. No ano passado, por exemplo, o Brasil exportou ao mercado russo 201,5 mil toneladas de carne de frango, com faturamento de US$ 126,2 milhões.
Durante as negociações com autoridades russas, Rodrigues e Furlan – que estão acompanhados de empresários do setor de agronegócio – abordarão também a troca do sistema de quotas pelo de tarifas para a importação de açúcar pela Rússia, país que compra do Brasil entre 4 milhões e 6 milhões de toneladas/ano desse produto. O Brasil quer se certificar que o novo modelo de negociação não trará prejuízos ao comércio de açúcar.
Cooperação
Em nota divulgada ontem (19/01), o ministro Luiz Fernando Furlan qualifica a missão como uma “viagem de boa vontade” para levar uma mensagem de cooperação. “Vamos reafirmar a diretriz do presidente Lula (Luiz Inácio da Silva) de dar prioridade ao relacionamento com a Rússia e buscar cooperação nas mais diferentes áreas”, assinala a nota de Furlan. O Brasil deseja estreitar as relações comerciais bilaterais principalmente nos setores petroquímico, aeroespacial, genética e sistema de gestão.
“Em um período de 10 a 15 anos esperamos que o volume de investimentos de empresas brasileiras na Rússia e de empresas russas no Brasil chegue a US$ 40 bilhões ou US$ 50 bilhões”, diz Furlan. Segundo o Desenvolvimento, em 2003, o comércio bilateral somou US$ 2 bilhões, com exportações brasileiras no valor de US$ 1,5 bilhão e vendas russas de US$ 500 milhões.