A redução nos preços do diesel ajudará o setor agrícola do país, disseram analistas e representantes de agricultores nesta terça-feira, e cortará o custo do transporte de produtos pelo Brasil.
A Petrobras anunciou na segunda-feira um corte nos preços da gasolina e do diesel nas refinarias e, embora o governo esteja elevando impostos para os combustíveis, os preços do diesel nos postos podem cair até 9,6 por cento.
“Isto é fantástico, especialmente num momento em que estamos sofrendo com o câmbio. Um corte de 10 por cento nos preços é significativo”, disse Cesário Ramalho, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB).
O real teve valorização de 25 por cento ante o dólar desde março, devido ao grande fluxo de capital estrangeiro.
Um real mais forte reduz os ganhos dos produtores e exportadores quando os valores são convertidos para a moeda local.
Os gastos com diesel representam 5 por cento das depesas dos agricultores brasileiros.
Mas uma redução no preço do combustível também pode reduzir significativamente os gastos além das fazendas, pois a maior parte da produção agrícola brasileira é transportada por caminhões em um país com dimensões continentais.
Ramalho disse que, antigamente, o diesel representava uma fração ainda maior dos custos totais, antes de o preço do fertilizante dobrar em 2008, tornando-se uma das maiores despesas.
Dificuldade em se obter empréstimos devido à crise financeira global segue uma preocupação para o setor, mas o alto preço da soja pode melhorar a renda de produtores da oleaginosa.
Os gastos com combustível são maiores no Centro-Oeste brasileiro, onde fazendeiros recebem menos pela produção do que em outras partes, devido ao custo maior de transporte da produção aos portos.
“Se os preços do diesel caírem 10 por cento, já faz uma grande diferença… Estamos em junho e muitos produtores já estão calculando os custos de plantar a safra do ano que vem”, disse Miguel Biegai, analista da Safras e Mercado.
“Podemos esperar também uma redução no custo do transporte de fertilizantes, por exemplo”, disse Biegai.