A presidente da Dilma Rousseff vai informar a União Europeia que o Brasil quer entregar em julho sua oferta sobre o acordo de livre comércio com o bloco, apesar da resistência de outros membros do Mercosul, entre eles a Argentina.
A informação foi divulgada pela ministra da Agricultura, Kátia Abreu, na manhã desta quarta-feira (10) na chegada da comitiva presidencial à Bélgica para a cúpula da UE com a Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), que ocorre até esta quinta (11). A presidente não deu entrevista.
Segundo Kátia Abreu, Dilma vai enfatizar em seu discurso que o Brasil está preparado para entregar sua proposta. Depois, nas reuniões reservadas com alguns líderes (entre eles a chanceler alemã Angela Merkel), ela citará o mês de julho como um prazo para isso, de acordo com a ministra.
“No discurso, ela (Dilma) vai pedir (troca de ofertas) para esse ano. Nós queremos entregar em julho, estaremos prontos”, afirmou a ministra.
Kátia Abreu disse que o Brasil vai agir mesmo que a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, hesite em avançar as negociações deste acordo com a UE, cuja negociação se arrasta há 15 anos.
“Não tem jeito, politicamente para ela (Argentina) ficar pra trás hoje é muito ruim. Seria ideal aceitar (acordo), mas se não quiser, ou vem ou vai ficar”, disse a ministra.
Entre os pontos que o governo brasileiro reivindica para o acordo comercial com a UE estão os setores de transporte, alimento, químico-farmacêutico, desenvolvimento e pesquisa.
Cristina Kirchner não está presente à cúpula em Bruxelas, assim como os presidentes Nicolás Maduro (Venezuela) e Tabaré Vázquez (Uruguai).
Em entrevista à rede alemã Deutsche Welle, publicada nesta terça (9), a presidente Dilma afirmou que é “prioritário” para ela selar o acordo comercial neste ano, apesar da resistência do vizinho.
“Do ponto de vista do Brasil, o Mercosul tem condições de fazer esse acordo, e eu buscarei sempre levar os outros países”, afirmou.
A comissária de negócios do bloco europeu, Cecilia Malmström, convidou os ministros do Mercosul presentes em Bruxelas para uma reunião paralela à cúpula UE-Celac para discutir o tema.
Está prevista ainda reunião de Dilma com o premiê grego, Alexis Tsipras, do partido de esquerda Syriza. Eleito em janeiro, ele está no centro de uma crise política e econômica que pode culminar com a saída da Grécia do bloco.
A cúpula UE-Celac reunirá representantes de 61 países, sendo ao menos 40 chefes de Estado. O encontro, porém, é marcado pela ausência de líderes sul-americanos e do cubano Raúl Castro, que enviou seu vice, Miguel Díaz-Canel.
Apesar da ausência de Raúl, a aproximação de EUA e Cuba deve ser celebrada no comunicado final em Bruxelas, mas sem avançar nas relações com a UE, que debate seus passos em relação à ilha.
Especificidades devem ficar fora do texto -esperam-se apenas menções genéricas sobre o fortalecimento das relações políticas e econômicas entre as duas regiões.
Um dos temas abordados pode ser o progresso das negociações para instalar um cabo submarino de fibra ótica ligando Europa e América do Sul, entre Lisboa (Portugal) e Fortaleza (Brasil).