Redação (21/07/2008)- A liderança de Santa Catarina no volume de exportações de frango está cada vez mais ameaçada pelo Paraná, estado que já é maior produtor de aves do país com a diferença tendo chegando a menos de 1% no final do primeiro semestre de 2008. Mesmo no faturamento das exportações do setor, onde os catarinenses ainda desfrutam de alguma folga por causa dos preços cerca de 15% mais elevados que os alcançados pelos paranaenses graças a cortes mais elaborados, breve o Paraná deverá alcançar, para em seguida superar o estado vizinho até o final deste ano. A previsão é do presidente do Sindicato das Indústrias dos Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins.
"É inevitável esse avanço porque o Paraná tem mais produtores e já está abatendo 100 milhões de cabeças por mês, além de ter uma agricultura de maior peso com as grandes cooperativas", disse ele. "E nós estamos executando exatamente um plano em todas elas para agregar maior valor aos produtos destinados ao comércio internacional", completa o representante do setor avícola.
Em Santa Catarina, as vendas externas no primeiro semestre atingiram a 486 milhões de quilos, com faturamento de US$ 975 milhões enquanto que no Paraná o volume alcançou 483 milhões de quilos e a receita US$ 841 milhões, diferença de US$ 115 milhões. Na comparação com o mesmo período do ano passado, os paranaenses conseguiram crescer 19,92%, um ponto além da média nacional, enquanto os catarinenses ficaram em 11%. Mesmo assim Santa Catarina manteve a liderança em exportações de frango, com 26,4% do total do volume embarcado pelo Brasil, perdendo para o Paraná na produção total.
No país, o crescimento no volume de exportações foi de 19%, segundo a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), atingindo a 1,8 bilhão de quilos, entre janeiro e junho, com fatura-mento de US$ 3,3 bilhões. O setor enfrenta dificuldades com a desvalorização do dólar e o aumento dos preços dos insumos, especiallmente o milho, o produto mais usado na ração das aves. O preço do frango brasileiro no mercado internacional subiu cerca de 10% em dólar, entre janeiro e maio e mesmo assim novos mercados estão sendo abertos: o Chile passou a comprar frango brasileiro e países grandes consumidores como a China continental e a Índia podem fazer o mesmo em breve.
"A única coisa que pode impedir esse avanço é a falta de mão-de-obra especializada em cortes para exportação, mas esse ainda não é considerado um problema grave o suficiente para retardar o crescimento uma vez que as empresas estão conseguindo trabalhadores mesmo tendo de trazê-los de longas distâncias", disse Domingos Martins.
Luminosidade controlada
O Paraná, por sinal, está investindo em novas tecnologias que estão modificando o sistema de produção de aves a partir de melhorias nos sistemas de iluminação e de temperatura dos aviários, de acordo com novas tendências do mercado para a sanidade animal, com redução da mortalidade e economia.
O novo sistema, conhecido por "dark house", estabelece controle rigoroso na limitação da luminosidade e temperatura, permitindo ao produtor deixar as aves no escuro por 12 horas do dia e outras 12 sob luz artificial, por meio de lâmpadas que acendem e despertam os pintainhos para o consumo da ração e água. Duas ou três horas depois, o sistema automatizado desliga a iluminação elétrica e isso permite as aves se acalmarem.
"Com menos estresse as aves se machucam menos e tem um desgaste menor e há uma economia também, pois o ciclo produtivo pode ser reduzido de 42 para 40 dias. Há também queda na mortalidade, de 6% para 4% e a quantidade de ração utilizada cai em razão do menor número de dias que as aves ficam no aviário. Com aves calmas, é possível colocar mais animais por metro quadrado", concluiu Domingos Martins.
Disputa acirrada
<p>Paraná ameaça a liderança da exportação catarinense de frango.</p>