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Protecionismo

Disputas comerciais

<p>EUA, União Europeia e China acirram disputas comerciais na Organização Mundial do Comércio (OMC).</p>

As disputas comerciais entre a China, os EUA e a União Europeia (UE) se intensificaram e a Organização Mundial do Comércio (OMC) admite que as tentações protecionistas estão piorando.

A China acionou ontem a OMC contra a UE contestando sobretaxas de até 85% impostas na importação de grampos de aço chineses, o que considera um ” abuso ” e claro protecionismo. A decisão chinesa parece uma retaliação à imposição pela UE de sobretaxa de 39,2% nas importações de outro produto, os tubos de aço chineses, uma medida anunciada na semana passada.

Também os EUA abriram investigação contra o produto, o que pode conduzir a sobretaxa de até 100%. Recentemente, Washington já tinha irritado os chineses com sobretaxa pesada contra as importações de pneus chineses, alegando que os preços deslealmente baixos ameaçariam a produção doméstica. Pequim reagiu com uma barreira contra a entrada da carne de frango americana.

A China se tornou o principal alvo de medidas de defesa comercial em meio à recessão global, e não apenas por parte da UE e dos EUA. As demandas de restrições de indústrias em torno do mundo contra produtos chineses aumentaram 23% em 2008 e devem aumentar ainda mais neste ano.

Em debate ontem na OMC, o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Juan Samovia, alertou que será necessário ” muito tempo ” até que o mercado de trabalho volte a crescer.

Por sua vez, o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, admitiu que a alta do desemprego vai causar ” reações sociais ” e disse que ” as tentações protecionistas são mais e mais fortes, na medida em que a situação se torna mais difícil ” .

Outra confrontação pode ser deflagrada nesta semana, quando o secretário do Tesouro dos EUA deve declarar se a China manipula ou não sua moeda para ganhar mercados no exterior.

Já na UE, os 27 países do bloco estão divididos sobre a extensão de uma sobretaxa na importação de calçados produzidos na China. A questão é que várias indústrias europeias se instalaram na China para produzir mais barato e se opõem a barreiras que vão elevar o custo para eles e para o consumidor europeu.

Na escalada de tensões comerciais, os EUA denunciaram a UE na OMC por causa de nova restrição na entrada de frango americano. Bruxelas bloqueou o produto pois ele é lavado com uma substância química proibida no mercado europeu, mas os americanos insistem que o tratamento é seguro e não afeta o consumidor.

Certos analistas acham que o Brasil pode sair ganhando com a briga entre os três grandes. Por exemplo, pode exportar mais pneus para os EUA e mais carne de frango para a China. Na prática, quando os contenciosos aumentam muito, como é o caso agora, é todo o comércio global que sofre um choque de incerteza.