Redação (04/07/2008)- O comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, defendeu a necessidade de conseguir um acordo que feche a Rodada de Desenvolvimento de Doha sobre a liberalização comercial, porque isso obrigará os países emergentes, como China, a "respeitar regras e obrigações comuns". Também "contribuirá para impedir que o discurso protecionista que floresce aqui e ali no mundo leve a uma espiral negativa de represálias prejudiciais", afirmou Mandelson em artigo publicado nesta sexta-feira no jornal francês Le Figaro.
"O protecionismo e o populismo não são respostas adequadas", afirmou, em alusão indireta às resistências da França a um compromisso, este mês, na Organização Mundial do Comércio (OMC), que levaram a um confronto dialético com o presidente do país, Nicolas Sarkozy.
A esse respeito, disse que os que "acham que um fracasso do ciclo de Doha (da OMC) não teria grande importância se enganam, porque o ”status quo” confortável já não é possível", porque embora os maiores perdedores sejam os países mais pobres, atores como a União Européia (UE) "perderiam igualmente".
Apesar de ter admitido que a UE precisa de "um debate franco e profundo", destacou que "a polêmica, em particular pública, acarreta um custo, o de uma menor capacidade da Europa para defender seus interesses na cena mundial".
Frente ao medo de um desmantelamento da Política Agrária Comum (PAC), o comissário europeu disse que "não devemos temer uma concorrência leal".
Em primeiro lugar, porque "graças à PAC reformada, nossa produção agrícola evoluiu em direção a uma produção de muito alta qualidade que responde agora melhor às necessidades do mercado".
Mandelson se mostrou convencido de que "a Rodada de Doha estimulará a produção de alimentos no mundo e garantirá um melhor acesso para os países pobres. O protecionismo não alimentará o mundo".
Por outra parte, o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, reiterou que "as próximas semanas representam o momento da verdade para a Rodada de Doha", ao ressaltar os desafios na conferência ministerial que convocou em Genebra a partir do dia 21.
"Concluir um acordo requer coragem", ressaltou Lamy em entrevista publicada pelo International Herald Tribune. Ele insistiu em que um comércio mais aberto geraria riqueza.