No dia em que o Brasil foi elevado a grau de investimento pela agência de risco Moody’s, o dólar desceu abaixo de R$ 1,80 pela primeira vez desde setembro de 2008. A moeda norte-americana caiu 1,10% e encerrou o dia cotada a R$ 1,798.
A Bolsa de Valores de São Paulo chegou a superar os 62 mil pontos logo após o anúncio da Moody’s, na tarde de ontem (22/09). Não se sustentou por muito tempo em patamar tão elevado, mas garantiu valorização de 0,93%, para terminar aos 61.493 pontos – o maior nível em 14 meses. A Bovespa registra forte ganho de 8,86% neste mês. No ano, a apreciação acumulada alcança 63,76%.
O dia favorável no exterior já levava o mercado doméstico a atravessar um pregão de ganhos. A decisão da Moody’s só reforçou o clima positivo.
Ao elevar a nota concedida ao Brasil, a Moody’s sinaliza aos investidores que os riscos de aplicar no país diminuíram significativamente. Dessa forma, a atratividade do mercado brasileiro tende a se fortalecer.
No ano, a Bovespa se destaca como uma das Bolsas que mais têm se valorizado. Em dólares, a Bolsa acumula ganhos de 111% em 2009. Mesmo com essa substancial apreciação, os estrangeiros continuam investindo em ações brasileiras, na expectativa de que o mercado se mantenha em rota de alta.
O balanço das operações dos estrangeiros no mercado acionário local mostra bem o apetite desses investidores. O saldo mensal dos negócios feitos com capital externo na Bolsa, até o dia 17, ficou positivo em R$ 2,13 bilhões. No ano, as compras da categoria superam as vendas em R$ 16,10 bilhões.
“A elevação da nota do Brasil já era esperada. Não sendo uma grande novidade, não deve se converter em uma enxurrada de recursos externos entrando no mercado local. Assim, não vejo uma mudança drástica no ritmo atual da Bolsa e do câmbio”, afirmou Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos.
Câmbio – Enquanto o mercado de ações recebe recursos externos e se valoriza, o câmbio tem seguido rumo contrário. A moeda norte-americana registra queda de 4,87% no mês. No ano, a baixa alcança 22,96%.
Alexandre Lintz, estrategista-chefe para a América Latina do banco BNP Paribas, lembra que a depreciação do dólar não tem ocorrido de forma isolada em relação ao real. “Apesar de o fluxo forte para o País estar favorecendo a baixa das cotações, temos de destacar que a moeda americana tem passado por uma desvalorização expressiva no mercado internacional.”
Ontem o euro se apreciou em 0,79% em relação à moeda dos EUA e fechou cotado a US$ 1,4792. Na máxima do dia, o euro superou US$ 1,48, o que não ocorria desde setembro do ano passado. Moedas de emergentes, como o rublo russo e o rand sul-africano, também se fortaleceram ontem diante do dólar.
Com a moeda norte-americana em baixa ontem, as commodities ganharam fôlego. O petróleo subiu 2,64% e terminou a US$ 71,55 em Nova York.
No mercado acionário local, a apreciação das commodities ontem se refletiu na concentração dos negócios em papéis de companhias que acompanham o sobe-e-desce das matérias primas. Apenas as ações de Petrobras e Vale responderam por quase 30% do total movimentado na Bolsa.
A ação preferencial da Petrobras terminou o pregão com valorização de 0,66%. Para o papel preferencial “A” da Vale, o ganho no dia foi de 2,54%.
Ainda no segmento de siderurgia e mineração, houve altas nas ações Usiminas PNA (1,18%) e Gerdau PN (0,81%).
Hoje os investidores estarão atentos à reunião do Fomc (comitê do banco central dos EUA que define os juros). Apesar de o mercado contar com a manutenção da taxa básica do país no atual patamar, que é entre 0% e 0,25%, o comunicado a ser apresentado no fim do encontro pode agitar as operações.