O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho da Silva, defendeu a revisão da política cambial, dizendo que o setor agrícola está perdendo rentabilidade com o real sobrevalorizado ante o dólar. O ideal, na avaliação dele, seria que a moeda norte-americana estivesse cotada em R$ 2,20. De acordo com ele, com as cotações nos níveis atuais – hoje ele vale US$ 1,724 -, os empresários do agronegócio tendem a ficar desestimulados e endividados.
“O impacto [sobre a atividade agrícola] é brutal e isso significa que vai ocorrer a morte do produtor rural e reavivar toda a problemática da dívida do setor”, assinalou o presidente da SRB.
Ramalho elogiou a forma como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem recebido as demandas do setor. Ele espera que Lula e ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, tomem medidas para evitar efeitos negativos sobre o setor agrícola. Ramalho pretende reforçar essa preocupação durante a comemoração dos 90 anos da SRB, programada para a próxima segunda-feira (09/11).
Um dos exemplos citados pelo líder rural é a situação dos produtores de soja. Além de prejuízos com as exportações desfavoráveis por causa do câmbio, ressaltou Ramalho, os sojicultores também deverão enfrentar depreciação de preço por causa do aumento da safral mundial do produto. Só o Brasil, citou ele, terá uma oferta de 62 milhões de toneladas e a Argentina, de 55 milhões de toneladas.
Segundo cálculos da SRB, o setor teve uma queda na rentabilidade de 24,2%, tomando por base dados comparativos entre o valor do dólar, em dezembro de 2008 e o de setembro deste ano. Caso a saca fosse negociada em dezembro do ano passado, o valor seria de R$ 49,44, mas cairia para R$ 37,47, se a mesma venda ocorresse em setembro último.
Em setembro, o preço médio da saca de 60 quilos, na Bolsa de Chicago (EUA), estava cotada a US$ 20,60. Com o dólar valendo em dezembro R$ 2,40, a soja brasileira seria importada por U$ 8,60, valor que saltou para U$ 11,30 com a moeda norte-americana passando a valer R$ 1,82, em setembro último.