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Insumos

Dólar eleva os custos na boca da safra

Moeda norte-americana impulsiona os preços dos grãos em reais tornando as exportações mais rentáveis. Produtos como adubos e fertilizantes, entretanto, tendem a aumentar.

Dólar eleva os custos na boca da safra

Apesar de os agricultores brasileiros terem adquirido os insumos para a safra de verão 2011/12 com maior antecedência neste ano, os custos da temporada – que já são superiores aos do ano passado – tendem a aumentar com a disparada do dólar. Ao mesmo tempo em que a moeda norte-americana impulsiona os preços dos grãos em reais tornando as exportações mais rentáveis, as matérias-primas utilizadas pelas indústrias de fertilizantes (adubos) e defensivos (agrotóxicos) ficam mais caras, já que maior parte delas vem de fora do país. O produtor tende a gastar R$ 20 a mais por hectare, o que pode elevar os custos da produção de milho e soja no Paraná em R$ 100 milhões (2%).

Ano passado, o Brasil importou volume equivalente a 60% do consumo de fertilizantes e 80% do de defensivos, conforme as entidades que representam o setor. Depois de ver os preços caírem ligeiramente no último ano, a indústria de defensivos (agrotóxicos), que movimenta 70% de seu faturamento no segundo semestre, avalia a situação e está prestes a reajustar os preços de seus produtos. Os defensivos são, ao lado dos adubos e atrás apenas da operação de máquinas, uma das despesas mais pesadas do produtor de soja e milho.

Se os preços dos agrotóxicos subirem 10%, conforme estimam os especialistas, voltarão aos patamares da safra 2010/11. O item era o único a apresentar redução. No Paraná, os gastos totais subiram 4% para a soja e 17% para o milho no último ano, segundo a Secretaria Estadual da Agricultura (Seab). E agora tendem a subir ainda mais. Os agrotóxicos e fertilizantes, juntos, representam 40% dos custos de cultivo.

Para o diretor-executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Eduardo Daher, a interferência do câmbio é certa e acontecerá gradualmente. “O dólar não afetará os preços em um só golpe.” Diferente do que ocorre no mercado de adubos, em que as compras se concentram antes do início do plantio, no mercado de agrotóxicos muita água ainda vai rolar. “A sazonalidade dos defensivos se concentra no final do ano. Nosso grande volume de entregas acontece em outubro, novembro e dezembro”, disse Daher. Ao produtor, cabe torcer para que a influência da moeda americana nos preços dos grãos, no momento da venda, compense com folga os gastos reajustados.

A indústria de agrotóxicos prevê aumento no faturamento. Mesmo que o resultado de 2012 não atinja os US$ 8,2 bilhões previstos inicialmente, ficando ao redor dos US$ 8 bilhões estimados atualmente, o valor é maior que os US$ 7,2 bilhões de 2010 (cerca de US$ 900 milhões arrecadados no Paraná). Esse crescimento está relacionado à expansão da safra brasileira de grãos, cujas projeções oficiais começam a ser divulgadas em outubro.