A alta do dólar, que acumula 9,10% no mês e fechou essa terça-feira (22) em R$ 2,08, minimiza parte do baque sofrido pelo produtor rural com a seca, especialmente o de soja. A oleaginosa foi vendida esta semana por até R$ 58,00 a saca de 60 quilos. Segundo a Emater, no mesmo período de 2011, este valor era de R$ 42,67. Mesmo que em Chicago o pico seja de 14,12 dólares para entrega em julho e altas mais expressivas já tenham sido registradas neste ano, a cotação faz o resultado em real ser animador. O diretor da Brasoja, Antônio Sartori, reforça que a correlação é direta entre a oscilação da moeda norte-americana e a remuneração do setor produtivo porque as commodities são cotadas na moeda estrangeira. E explica que a variação é satisfatória para quem plantou e está vendendo a soja agora. Mesmo que a quebra no Estado seja, segundo a Emater, de 49,69%, o que representa produção de apenas 5,86 milhões de toneladas. Sartori acrescenta que a subida é positiva ainda para a competitividade do trigo e arroz brasileiro, já que, por causa disso, grãos importados de outros países estão ingressando no Brasil a preços superiores aos nacionais.
Esse é o lado positivo do atual dólar. Mas há o negativo. Além da alta ser insuficiente para compensar o que se perdeu em volume com a seca, o presidente da Comissão de Grãos da Farsul, Jorge Rodrigues, lembra que o setor enfrenta a disparada dos custos. “Há uma alta abusiva de insumos, sendo que o valor dos fertilizantes está fora de propósito.” Segundo ele, o impacto já é sentido na largada da semeadura de inverno e no planejamento para o plantio do próximo verão. Rodrigues diz que, desde janeiro, a alta dos fertilizantes chegou a 25%. E a ureia, usada no preparo para as culturas de inverno, subiu 40%.
Devido às variações, o custo variável de produção para o trigo, calculado pela Fecoagro, subiu 9,35% em relação a 2011, ficando em R$ 992,23 por hectare. “Não temos o que comemorar”, frisa Rodrigues. Esse deve ser o ônus da alta do dólar especialmente para a safra 2012/2013. Sartori reforça: como o Brasil depende da importação para comprar insumos que compõem fertilizantes, o próximo ciclo será absolutamente mais caro.